São Paulo, domingo, 28 de abril de 1996 |
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Peões usam camisinha em SP
AURELIANO BIANCARELLI
Sempre que deixam seus sítios para trabalhar em São Paulo, suas mulheres e namoradas choram e fazem a recomendação: "Não saiam com outra sem camisinha". "Minha mulher botou duas na minha carteira", diz Francisco Expedido da Silva, 22, que está na obra há quatro meses. "A praga da Aids é o que mais assusta nessa terra", diz Juvenal Luiz Pereira, 32, Para Lucas Ramon de Lima, 20, "nem com namorada daqui se vacila". "Só doido para fazer isso." Os amigos de Serra Talhada fogem ao perfil do trabalhador da construção civil revelado pelo Datafolha. Segundo a pesquisa, 50% deles nunca usam camisinha. "São os menos informados e correm maior risco", diz Antonio Ramário, diretor do sindicato. Na cidade de São Paulo, estima-se que 140 mil vivam em alojamentos, longe de suas famílias. "Se falta dinheiro para a zona, procuram sexo entre eles mesmo. Um homossexual com Aids pode contaminar muita gente." O Sinduscon, que representa as empresas de construção no Estado, diz que os trabalhadores são informados através de palestras. "As empresas têm essa preocupação", afirma Artur Quaresma, conselheiro da entidade. Mas o nomadismo das obras e a rotatividade da mão-de-obra não permitem um trabalho continuado. (AB) Texto Anterior: Empresas tratam Aids com negligência Próximo Texto: Trabalhadores se apavoram Índice |
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