São Paulo, domingo, 28 de abril de 1996 |
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Chernobyl: ligação perigosa
ANTONIO ERMÍRIO DE MORAES
14 de agosto de 1945: rendição japonesa. O mundo inteiro comemorou, mas nascia ali o maior de todos os perigos do planeta. Ainda, como estudante de engenharia, guardo impresso em minha retina o espanto de todos quando fomos chamados ao anfiteatro da escola e o diretor do departamento de química procurou nos dar uma possível explicação sobre o que acontecera! Simplesmente a modificação da teoria atômica até então ensinada. "Espero que não seja a divisão do átomo ou mesmo a destruição do planeta", pensava eu com meus botões nos idos de 1945. Surgiu uma nova forma de energia. O mundo a adotaria de maneira rápida e eficiente; todavia acidentes aconteceram. Three Mile Islands nos Estados Unidos, com repercussão apenas naquele país. 26 de abril de 1986: Chernobyl. O mais hediondo de todos os acidentes nucleares já ocorridos neste planeta. Fala-se que desde o acidente mais de 60 mil pessoas foram vitimadas pelo câncer ou outras doenças associadas. Como se não bastasse o acidente, ainda nesta semana tivemos mais um vazamento nuclear. Quais as consequências? Dificilmente iremos saber, pois é evidente que apesar da aparente liberdade existente na Ucrânia os resquícios de um governo revolucionário que durou mais de 70 anos ainda estão presentes. Tamanha é a gravidade do problema nuclear da então Rússia que a própria Agência Internacional de Energia Nuclear apresentou documento pedindo urgentemente o desligamento de 20 dos 50 reatores existentes na antiga União Soviética. Nesta semana mais um fato novo assusta o mundo. Rússia e China, tradicionais inimigos, países que muito pouco zelam pela vida humana, prometem fazer uma associação estratégica. A visita do presidente Ieltsin ao primeiro mandatário chinês selou aparentemente um acordo para o século 21, fazendo com que o resto do mundo se amedronte perante esses dois países. Donos de tecnologia nuclear, ambos com pouco respeito pelas vidas humanas, esse acordo representará sem exagero a maior ameaça para o mundo desde a eclosão da Segunda Guerra Mundial. Esperamos sinceramente que esse entendimento entre tradicionais inimigos não chegue a ser concretizado, pois caso contrário seremos obrigados a pensar que uma das últimas profecias de Nostradamus poderá dar certo. Vamos torcer pela não-realização dessa ligação perigosa. Quem viver, verá. Texto Anterior: Pergunta sem resposta Próximo Texto: VIOLÊNCIA; NADA CERTO; DESPREOCUPAÇÃO Índice |
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