São Paulo, segunda-feira, 29 de abril de 1996
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Dificuldade faz doméstica teen desistir do segundo filho

CARLOS ALBERTO DE SOUZA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

A doméstica Adriana Silva, 17, casada e mãe de um filho, sustentou a família nos últimos seis meses ganhando um mínimo. Seu marido, o servente de obras Antônio Ferreira está desempregado.
A família, que mora na vila Nova Americana, em Alvorada (região metropolitana de Porto Alegre-RS), está com o aluguel da casa - R$ 70,00 - atrasado.
Ela disse que a família não comia carne havia duas semanas.
Segundo a doméstica, a falta de emprego tornou Ferreira "sério e preocupado", diferente do pai "brincalhão" dos tempos em que trabalhava.
Adriana trabalha desde os 14 anos e nunca ganhou mais que o salário mínimo. Elevar o mínimo para R$ 110,00 ou pouco mais, na opinião dela, não modificará a situação: "É pouco para uma família pagar aluguel, água, luz etc".
No caso da creche do seu filho, que custa R$ 50,00 por mês, o pagamento recebe a ajuda da sogra, dona de casa, cujo marido, pedreiro, ganha em torno de R$ 250,00.
Adriana, que disse ter o primeiro grau completo, já tomou uma decisão, influenciada pelas dificuldades econômicas: não quer ter mais filhos. "Estou vendo como é difícil manter uma criança".
Na última quinta-feira o drama de Adriana foi agravado:sua patroa, alegando estar endividada, disse não ter mais condições de pagá-la, e comunicou demissão da doméstica.

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