São Paulo, segunda-feira, 29 de abril de 1996
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Drama japonês

CIDA SANTOS

No mundo do vôlei masculino, a semana é de correr atrás das últimas três vagas para a Olimpíada de Atlanta. A partir de sexta-feira, 12 seleções vão disputar os Pré-Olímpicos da Alemanha, Grécia e Portugal. O maior drama parece ser o do Japão, um país que já foi campeão olímpico e que agora corre o risco de, pela primeira vez na sua história, não se classificar para a Olimpíada.
Os japoneses, que não têm conseguido acompanhar estes tempos em que a força física manda no vôlei, levaram a pior também entre os asiáticos. A vaga do continente ficou com a Coréia do Sul. A última chance de ir para Atlanta é vencer os gregos, espanhóis e poloneses no Pré-Olímpico. Tarefa difícil.
O Japão já viveu melhores dias. Nos anos 60, encontrou até o caminho para o ouro olímpico. Tudo começou depois de uma excursão à Europa e o trágico saldo de 22 derrotas em 22 jogos.
Em meio a descrença geral na época, o técnico Yasataka Matsudaira esbanjou ousadia. Fez uma série de estudos sobre o jogo dos europeus e propôs então o plano "oito anos para a vitória". Para combater a força dos soviéticos, criou o ataque rápido combinado com fintas e muita velocidade. Para facilitar, ele tinha Nekoda na quadra, um dos melhores levantadores da história do vôlei.
O que se viu então foi uma revolução. A velocidade do ataque japonês desconcertava os bloqueios europeus. Na Olimpíada de Munique, em 72, o plano se cumpriu: o Japão conquistou o ouro. Era a vitória da velocidade sobre a força.
Nos anos 80, coube ao Brasil conciliar o que parecia dois mundos distintos: a rapidez dos asiáticos com a força dos europeus. Uma nova revolução se fez com seguidores como Argentina e Itália. Já o Japão perdeu o trem da história e sofre por não conseguir adicionar ao seu jogo a força que estes anos 90 exigem.

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