São Paulo, segunda-feira, 29 de abril de 1996
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São Paulo consegue o feito de evitar goleada

ALBERTO HELENA JR.

DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

Foi um sucesso o esquema tricolor, treinado durante toda a semana e mantido em sigilo absoluto até o momento do jogo. Afinal -ajudado, claro, pela sorte-, o São Paulo conseguiu o feito histórico de evitar os triviais quatro gols verdes e ainda por cima atingiu o recorde de enfiar dois gols no Palmeiras. Perdeu só de 3 a 2.
É bem verdade que dois dos três gols palestrinos foram concluídos em cima do tal líbero tricolor, enquanto o segundo do São Paulo surgiu logo após a demissão do líbero. Além do mais, o Palmeiras perdeu umas quatro chances de ouro, meteu bola na trave e deu uma exibição irretocável de técnica, inteligência e arte, o que, convenhamos, não é nenhuma novidade.
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Fosse qualquer outro clube, a Libertadores já estaria batendo asas. Afinal, com a derrota de sábado diante do Guarani, cumpriu-se o ciclo da crise que rondava o Parque São Jorge havia algum tempo.
A falta de planejamento adequado da diretoria, que não definiu desde logo a prioridade pela disputa do torneio sul-americano e que falhou nas contratações de novos reforços para uma temporada de fogo, foi o pontapé inicial. Na sequência, vieram as dissensões no elenco, com Edmundo, claro, no centro de irradiação dessas desavenças.
Isso tudo, às vésperas do jogo contra o Espoli, no Equador, time que o Corinthians, completo e unido, tiraria de letra do caminho em direção ao único título que o clube não tem em sua galeria de glórias.
A propósito, chega a ser cômica a história do aparelho que serviria para calibrar as reações dos atletas diante da altitude de Quito. Hesitaram na compra do tal equipamento, e o atraso determinou o cancelamento. Quer dizer que o Corinthians jamais irá jogar novamente em Quito, La Paz ou próximo das nuvens?
E é nesse clima denso que a diretoria marca uma reunião do elenco, exatamente para definir regras de disciplina, e Edmundo, logo Edmundo, não comparece. Mas vai ao Rio, para uma festa familiar, dois dias antes do embarque para Quito, quando o resto da turma fica por aqui malhando, na esperança de porejar as toxinas que asfixiam esse time.
Em todo caso, como registra a história, crise no Parque muitas vezes é sinal de virada. E o Corinthians é, historicamente, o time das viradas.
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Foi um domingo de festa para o futebol. Pelo menos, na Itália e na Holanda, onde Milan e Ajax sagraram-se, mais uma vez, campeões, o que consagra a vitória dos melhores.
Aqui, fico imaginando-me um empresário da área, com grana e prestígio suficiente para engendrar já um triangular entre Milan, Ajax e Palmeiras. Onde? No céu, claro.
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Agora, como um técnico planetário, reúno os três elencos para formar o time dos sonhos, neste exato momento, para enfrentar uma seleção de Andrômedas. Aí vai a escalação: Van der Saar; Cafu, Blind, Baresi e Maldini; Davids, Kluivert, Rivaldo e Savicevic; Muller e Weah. Para o banco vou ter de quebrar a cabeça para escolher entre Baggio, Djalminha, Luisão, Overmars, Litmanen, os gêmeos De Boer, Albertini, Desaylli, Kanu etc.

Alberto Helena Jr. escreve aos domingos, segundas e quartas

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