São Paulo, segunda-feira, 29 de abril de 1996
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Pais do mangue beat tocam CDs novos

SYLVIA COLOMBO
ENVIADA ESPECIAL A RECIFE

O som de Chico Science está mais violento. Se em "Da Lama ao Caos" -seu primeiro disco- já se sentia uma certa agressividade, "Afrocyberdélia" leva essa tendência mais a sério.
"O 'punch' para investir nisso já existia, agora vamos avançar", disse Science em entrevista à Folha na última sexta, em Recife.
"Afrocyberdélia" será lançado no próximo dia 15. Estão programados shows pelo Brasil em junho e uma turnê européia até o final de julho, que começa pela Bélgica.
"O 'Afrocyberdélia' é uma brincadeira de linguagem, afro do som nordestino, cyber de tecnologia e délia de psicodelismo."
Science acompanha as novas bandas do mangue beat (estilo que mistura sons regionais com rock), mas não sintetiza o movimento. "É tudo muito novo, não dá para sentir onde vai dar." Mas ele concorda que a idéia de caldeirão sonoro já virou lugar-comum.
"Não sei até onde dá para mesclar, nem se vai dar em alguma coisa, mas só o fato de ter surgido já foi uma reviravolta na música popular. A tendência é seguir resgatando nossas raízes."
Science fechou a segunda noite do festival Abril Pro Rock, em Recife, já na madrugada de sexta para sábado.
A chuva não parou um só minuto. Encharcou o Circo Maluco Beleza e o público, que resistiu até o fim, às 5h30 da manhã.
Science mostrou 19 faixas do novo álbum e cantou com Gilberto Gil, que fez participação especial. Os dois aproveitaram para gravar o clipe de "Maracatu Atômico".
Mundo Livre
A noite começou com um atraso de quase três horas. O Mundo Livre S/A, primeira banda a se apresentar, subiu ao palco às 23h50.
Fred 04 e sua turma mostraram que o novo disco, que também sai no dia 15 de maio, tem um som mais agressivo. Os arranjos de cavaquinho -que fazem a marca do grupo- estão mais cuidados e integrados à pancadaria da banda.
Os hits "Bola do Jogo" e "Trabalho" não faltaram. As letras do novo álbum falam de diferenças sociais e dos problemas do Nordeste. No palco, Fred fez alusão ao massacre dos sem-terra no Pará.
Mangue na estrada
O Abril Pro Rock, com encerramento previsto para ontem, pode se tornar um evento itinerante a partir de 97. "A idéia é levar o projeto a várias capitais", diz o produtor Paulo André.

A jornalista Sylvia Colombo viajou a Recife a convite da organização do festival

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