São Paulo, segunda-feira, 29 de abril de 1996
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Paisagem oscila entre selvagem e rural

MARCELO COELHO
DO ENVIADO ESPECIAL

O cruzeiro do navio Skorpios 3 dura seis dias; sai de Puerto Montt, passa por aldeias perdidas na costa, chega à laguna de San Rafael e volta a Puerto Montt depois de parar nas termas de Quitralco e em Castro, pequena capital de Província.
O viajante precisa acostumar-se, de início, a navegar por uma região coberta de matas, cheia de ilhas e canais -e praticamente desabitada. A primeira parada do navio é em Caguache, lugarzinho escondido, onde além de uma grande igreja de madeira cor-de-rosa, e umas poucas casas de pescadores, há só um vasto gramado, no qual três ou quatro ovelhas não parecem muito interessadas.
Puerto Aguirre, em comparação, já é um acontecimento. Ruelas de areia cinzenta vão escalando um morrinho, entre pinheiros escuros; a cada curva, uma vista das ilhas e dos braços de mar. Barquinhos de todas as cores dão pitoresco a uma paisagem ainda um pouco tristonha e desolada.
No dia seguinte, toda essa natureza recolhida, úmida, intrincada de canais e ilhotas, cede espaço para a laguna, a geleira, os icebergs de esmeralda, as cortinas de neve, os despenhadeiros glaciais: é o grande espetáculo.
Mais navio, mais meandros e estreitos no que parece ser uma imensa represa, e se chega ao fiorde de Quitralco. Lá se pode tomar banho em piscinas de água termal (37°C), subir a um mirante e ver a bela paisagem -ilhas com uma mata muito variada, a água imóvel e os picos nevados.
Já estamos rumando para norte, de volta. Queilen é uma cidadezinha plana, com uma praia cinzenta, ruas em traçado octogonal, quase desertas.
Na ilha de Chiloé, a cidade de Castro mostra suas colinas, e novamente casas de madeira, derramando-se numa curva ideal para ser vista do navio.
Castro é a última parada antes de chegar a Puerto Montt. No trajeto, a paisagem se modifica; de selvagem, passa a ser rural.
Vista de longe, parece a ilustração didática de fazendas num livro europeu: campos com cercado de arbusto verde, igrejinhas, ovelhas, vacas; a presença humana se faz sentir, sobrepondo-se às paragens tortuosas do Chile numa quase idílica conquista. (MARCELO COELHO)

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