São Paulo, terça-feira, 30 de abril de 1996
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Vendedor fará reconhecimento de policiais

ANDRÉ LOZANO
DA REPORTAGEM LOCAL

O vendedor Luís Cesar Scwinzekel, 20, que acusa policiais do 15º DP, na zona oeste de São Paulo, de o terem torturado em uma sala da delegacia, no último dia 1º de abril, deverá fazer o reconhecimento dos supostos agressores, amanhã, na Corregedoria da Polícia Civil.
Segundo a irmã de Scwinzekel, Rosângela, ele a sua mulher, T.A., 17, que também foi detida e encaminhada ao SOS Criança, estão escondidos com medo de represálias.
O caso foi denunciado à corregedoria pelo ouvidor da Polícia de São Paulo, Benedito Domingos Mariano.
O casal foi detido há um mês, acusado de fazer compras no shopping Ibirapuera, em Moema (zona sul), utilizando notas falsas de R$ 50,00 e R$ 100,00.
Scwinzekel e T.A. contam que foram abordados por seguranças do shopping e encaminhados à sala de segurança.
O rapaz disse que nessa sala foi espancado por seguranças e por um PM para confessar de quem havia conseguido o dinheiro falso.
Como alegaram desconhecer que as notas eram falsas, foram encaminhados ao 15º DP, onde, segundo Scwinzekel, ele teria sido submetido a uma sessão de tortura no dia 1º, também para contar de quem havia recebido o dinheiro falso.
O delegado-titular do 15º DP, João Lopes Filho, e a administração do shopping Ibirapuera negam as acusações.
O rapaz afirmou que foi levado a uma sala no 1º andar da delegacia e que lá foi suspenso com um a barra de ferro, apoiada em duas mesas.
"Os policiais começaram a bater com cassetete em meus pés e aplicar choque elétrico. Colocaram música alta para abafar meus gritos e chegaram a interromper a sessão para tomar sorvete e contar piadas", contou o vendedor.
A delegada-corregedora encarregada do caso, Claudia Virgínia Guimarães Pereira, convocou para hoje depoimento do delegado Orivaldo Volpato, responsável pelo plantão na noite em que o casal foi levado ao 15º DP.
Amanhã, a delegada mostrará fotos dos 50 policiais que trabalham no 15º DP para Scwinzekel fazer o reconhecimento.
Caso o rapaz reconheça os policiais, os supostos agressores serão convocados para o reconhecimento pessoal.
A delegada-corregedora vai querer saber também do delegado Volpato se a garota T.A. foi mantida presa durante a madrugada em uma cela com outros homens, antes de ser encaminhada ao SOS Criança. Denúncia nesse sentido foi feita por T.A. A corregedoria aguarda laudos de corpo de delito que poderão confirmar a suposta violência sofrida por Scwinzekel.

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