São Paulo, terça-feira, 30 de abril de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Quem foi o Santos Dumont das comemorações?

MATINAS SUZUKI JR.
EDITOR-EXECUTIVO

Meus amigos, meus inimigos, como eu já disse, esta coluna antecipou o dilema Romário.
Não foi premonição. Bastou lembrar que o baixinho art(ilh)eiro faz tudo certo na hora certa. Tá certo, Zagallo?
*
Então tá combinado. Escolham as armas, o campo (ou a quadra) neutro, os juízes das duas modalidades, as regras que permitirão o confronto.
E que Palmeiras e Chicago Bulls decidam quem é o melhor do mundo.
*
Achei duca o velho Lobo do fut Zagallo comemorando o gol brasileiro com um aviãozinho, lá na África do Sul -onde, parece, a bola está ajudando na integração racial.
Técnico também deve comemorar, Zagallo tem razão.
O futebol fica mais alegre. (Por que a imagem do técnico tem que ser sempre a sisuda, grave, inflexiva?).
No caso do velho Lobo, foi algo mais do que a comemoração de um gol que dava a vitória de virada, ou um revide ao técnico da África do Sul -que havia comemorado os dois gols da sua equipe.
Foi o extravasamento por anos de ataques à sua imagem. Acusado de retranqueiro por todo mundo, Zagallo, como diriam nossos irmãos lá do além-mar, amuou-se.
Vi, em 1994, o velho Lobo no Carnaval do Rio e fiquei impressionado com a sua empolgação, dançando e cantando à passagem de cada escola.
Não era a imagem que tínhamos dele, o país e eu.
O aviãozinho do Zagallo é uma das imagens mais interessantes dos últimos tempos.
No ritmo da teenbolada, ele rejuvenesceu, sem pânico de ser feliz. O aviãozinho é uma viagem para ele mesmo. A alegria é uma festa para muitos, velho Lobo do fut.
*
Não queria deixar passar um comentário sobre o aviãozinho do Zagallo. Me intriga a comemoração à aviãozinho. Quem foi que a inventou?
O Romário, que nunca foi muito dado a explosões celebrativas (mas que gosta de uma obscenidade jogada ao léu), andou dando os seus vôozinhos, mais para teco-teco do que para Boeings e Jumbos.
O Edmundo sim. Talvez influenciado pelo próprio Romário. Mas, à vezes, ele chega a lembrar mais um pássaro de vôo portentoso, um falcão, uma águia, um gavião, do que propriamente um aviãozinho.
Não sei a história dessa comemoração. Quem tem memória que me ajude a descobri quem foi este Santos Dumont das comemorações pós-gol.
*
Um querido leitorzinho, adolescente, pede para a sua professora ligar, lá de Minas, pedindo explicação sobre a coluna de sábado passado.
Ele não entendeu, não sem razão, por que eu usei "os madrinhas", no masculino, para designar o Muller e o Luizão no ataque do Palmeiras.
Bem, usei a expressão madrinha como uma metáfora dos animais (cavalos, éguas) que são os ponteiros de um agrupamento: cresci ouvindo a expressão "madrinha da tropa" (você que é de Minas, deve saber disso, némesmo?).
Quanto ao uso da palavra no gênero masculino, foi uma "licença poética". Afinal, não fica bem colocar o Luizão no feminino, fica?

Texto Anterior: Gallagher é fã do Brasil
Próximo Texto: Os resultados da NBA
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.