São Paulo, quarta-feira, 1 de maio de 1996
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Paraíba já produz o algodão colorido

ADELSON BARBOSA
DA AGÊNCIA FOLHA,

em Campina Grande
O Brasil já está produzindo algodão colorido desde o pé, no interior da Paraíba. Por enquanto, ele nasce com três cores -marrom, creme e verde. No futuro, haverá azul, vermelho, amarelo e cáqui.
As novas variedades estão sendo desenvolvidas por pesquisadores do CNPA (Centro Nacional de Pesquisa do Algodão) da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária).
A produção se dá em laboratórios de Campina Grande (130 km a oeste de João Pessoa) e plantações de Patos (300 km a oeste de João Pessoa).
As pesquisas começaram há oito anos, a partir do melhoramento genético de espécies nativas de algodão marrom, encontradas na flora natural do Nordeste.
A variedade de cor verde foi importada dos EUA -que, junto com o Chile, produz algodão colorido.
No ano passado, os pesquisadores iniciaram o trabalho de análise das fibras para melhorar o rendimento. A partir daí, estão estudando como aumentar a produtividade e diminuir o ciclo de produção.
A idéia é produzir algodão superprecoce, que renda até 3 t por hectare (ha), com 45% de aproveitamento das fibras. Quer dizer, em cada 100 kg de algodão extrai-se 45 kg para a produção.
Os primeiros resultados das pesquisas apresentam produtividades variáveis que oscilam de 294 a 1.246 kg por ha. A previsão é de que as três variedades coloridas estejam sendo produzidas comercialmente dentro de dois anos.
A principal vantagem do algodão natural colorido é a dispensa dos corantes artificiais usados no tingimento de tecidos. Segundo os pesquisadores, os corantes usados na indústria têxtil são cancerígenos e poluem o meio ambiente.
A indústria têxtil contesta. Segundo Andrew Macdonald, coordenador do comitê do algodão da Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil), não há provas científicas de que os corantes sejam cancerígenos.
Macdonald admite que o processo de tingimento pode ser poluente. "Mas a maioria das empresas têxteis trata a água resultante do tingimento, eliminando o risco de poluição de rios e afluentes", diz.
Técnicos do CNPA estimam que a produção de algodão colorido é uma exigência do mercado internacional -principalmente na Europa e no Japão, onde aumentam os adeptos de produtos naturais.
Para o produtor, o algodão colorido pode ser uma opção para reanimar a o plantio da cultura.
Segundo previsões dos pesquisadores do CNPA, o produto será vendido por um preço 70% superior ao do algodão branco, que precisa ser tingido artificialmente.
O agrônomo Eléusio Freire, 46, diz que a região do Seridó (Paraíba e Rio Grande do Norte) é ideal para o cultivo do algodão colorido, pois dispensa o uso de adubo químico.

Colaborou a Reportagem Local

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