São Paulo, quarta-feira, 1 de maio de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Jungmann quer acelerar assentamentos

LUCIO VAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro de Política Fundiária, Raul Jungmann, afirmou ontem, após a sua posse, que pretende incrementar a compra de terras para reforma agrária. Em seu discurso, o presidente Fernando Henrique Cardoso confirmou a intenção.
Jungmann argumentou que essa fórmula pode acelerar a reforma agrária, porque evita os litígios comuns nos processos de desapropriação. A compra seria facilitada porque o preço da terra está baixo.
Pouco entusiasmo
O ministro falou com pouco entusiasmo da criação do Conselho Nacional de Reforma Agrária, proposta pelo governo.
Esse conselho teria a participação de representantes da sociedade civil, como a igreja e o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra).
"Temos experiências de conselhos que não funcionam. Precisamos de um conselho mais efetivo. Estou conversando com as entidades para ver como o conselho pode funcionar", disse o ministro.
Ao discursar na cerimônia de posse, Jungmann errou ao dizer que a meta de assentamentos do governo é de 380 mil famílias. Depois corrigiu: a meta é 280 mil.
Estavam presentes à posse o presidente do Supremo Tribunal Federal, Sepúlveda Pertence, o presidente da Câmara, Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA), o ministro da Justiça, Nelson Jobim, o vice-presidente, Marco Maciel, e os líderes dos partidos governistas.
Entendimento
FHC propôs no discurso um entendimento entre todos os setores interessados na reforma agrária.
Ele defendeu a criação de uma comissão "da terra e da paz", com a participação das entidades da sociedade civil.
O presidente procurou fortalecer o novo ministro. Disse que a nomeação de Jungmann tem um significado: "Simboliza que nossos braços não estão cruzados".
FHC mostrou irritação quando tratou da divergência sobre o número de assentamentos já feitos no seu governo.
"Tudo isso é ridículo. O que são 40 mil nesse oceano de dificuldades?", indagou.
Depois, reclamou da morosidade do Congresso Nacional em aprovar as leis que podem agilizar a reforma agrária.
Mas logo retirou a cobrança: "As leis que lá estão foram mandadas há meses. Mas não culpo o Congresso. São poucos meses".
Antes de ser empossado como ministro, Jungmann passou a presidência do Ibama para Eduardo Martins, 39.

Texto Anterior: Covas decide prestigiar Feldman
Próximo Texto: FHC repreende convidados
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.