São Paulo, quarta-feira, 1 de maio de 1996
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BC cria socorro a bancos estaduais sob intervenção

ARI CIPOLA
DA AGÊNCIA FOLHA, DE MACEIÓ

O Banco Central está concluindo um programa de socorro aos bancos estaduais, que estão sob Regime de Administração Especial Temporária. A idéia é abrir duas linhas de crédito com o objetivo de salvar esses bancos da liquidação.
Os bancos beneficiados seriam o Banespa (SP), Banerj (RJ), Bemat (MT), Beron (RO) e Produban (AL), bancos estaduais administrados pelo BC desde dezembro de 94 e janeiro de 95.
O volume de recursos aplicados no programa vai depender das negociações de cada banco com o BC.
A informação foi transmitida pelo presidente do BC, Gustavo Loyola, ao governador Divaldo Suruagy (PMDB-AL).
Loyola reuniu-se anteontem com Suruagy e uma comitiva de deputados, senadores, diretores e sindicalistas do Produban.
Banespa é o modelo
"O presidente Loyola pediu dez dias de prazo para concluir a solução que ele vai apresentar aos bancos estaduais. O paradigma da solução será o Banespa", afirmou Suruagy à Agência Folha.
Uma linha de financiamento planejada por Loyola cria recursos para suprir a falta de caixa que leva esses bancos a recorrerem quase diariamente ao redesconto.
Redesconto é uma linha de crédito com a qual o Banco Central socorre bancos que não conseguem fechar o caixa no final do dia.
Foi esse tipo de problema que levou o BC a intervir nesses bancos.
Na nova linha de crédito, o próprio BC financiaria, com prazo de pagamento de 20 a 30 anos, o dinheiro cedido a bancos estaduais.
Dinheiro do Tesouro
A segunda linha de financiamento em estudo envolve recursos do Tesouro Nacional.
O governo federal emprestaria aos governos estaduais, que seriam obrigados a pagar suas dívidas junto a seus bancos. O prazo para os Estados devolverem o dinheiro ao Tesouro também seria de 20 a 30 anos.
Segundo o BC, isso não significa que o governo federal vá financiar toda a dívida dos Estados com seus bancos. O valor a ser destinado a cada Estado vai depender do tamanho de sua dívida e de negociações caso a caso, com base em garantias que os governadores ofereçam.
Loyola não revelou qual seriam as taxas de juro cobradas.
No caso do Produban, por exemplo, o governador Suruagy sugeriu a Loyola dar como garantia do financiamento ações do próprio banco do Estado. Depois de formalizada a operação, o banco teria a administração compartilhada entre o BC e o governo alagoano.
O BC prepara a proposta também com o objetivo de estancar o crescimento do rombo nos bancos estaduais.
A falta de uma solução para o caso do Banespa fez a dívida do Estado com o banco paulista crescer quase R$ 3 bilhões só neste ano.
O Produban, que sofreu intervenção por precisar de R$ 22 milhões por dia para fechar o caixa, teve de recorrer ao redesconto para obter R$ 86 milhões anteontem.

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