São Paulo, quarta-feira, 1 de maio de 1996
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Réu não demonstra emoção com pena

Emmanuel trocou o caixa de um banco pela PM

DA SUCURSAL DO RIO

Marcos Vinícius Borges Emmanuel, 29, não demonstrou emoção ao ouvir a sentença que o condenou a 309 anos de prisão. Sereno durante todo o julgamento, ele só aparentou nervosismo no primeiro dia, na hora em que confessou haver participado da chacina.
Emmanuel, que tem ascendência francesa, trocou a carreira de bancário pela de policial. Em 1991, ele deixou o cargo de caixa do Banco Itaú para se tornar soldado da PM (Polícia Militar).
A família estranhou a opção, mas ele a justificou dizendo que na PM poderia fazer carreira, coisa que considerava difícil se continuasse trabalhando na rede bancária, e teria estabilidade no emprego.
Entre parentes e vizinhos do bairro do Rio Comprido (bairro da zona norte do Rio), onde morava, é tido como "um rapaz muito bom" e apegado às duas sobrinhas, com as quais aparece frequentemente nos álbuns de fotografia da família.
Avó francesa
Durante todo o tempo em que esteve preso, Emmanuel foi visitado semanalmente por sua avó, uma francesa de 86 anos, que veio para o Brasil aos 22, para trabalhar no consulado francês, e não voltou mais.
A confissão de Emmanuel surpreendeu toda a família. A avó teria passado mal ao tomar conhecimento de que ele havia confessado.
A imagem de bom moço de Emmanuel, argumento usado por sua advogada na defesa, não corresponde aos fatos revelados pelos próprios colegas de trabalho.
Segundo o coronel PM Valmir Alves Brum, responsável pelas investigações e hoje comandante do Batalhão de Choque, Emmanuel integraria um grupo de extermínio formado por policiais militares e moradores do Rio Comprido.

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