São Paulo, quarta-feira, 1 de maio de 1996
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Investigador admite inocência de 3 réus

SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

Principal investigador da chacina da Candelária, o coronel Valmir Alves Brum, da PM (Polícia Militar), admitiu em plenário que três dos quatro acusados presos há quase três anos são inocentes.
A admissão de Brum surpreendeu até mesmo o juiz, que quis saber as razões das dúvidas.
"Há elementos que mostram a possibilidade de Jurandir (Gomes de França), Cláudio (Luiz Andrade dos Santos) e (Marcelo Ferreira) Cortes não terem participado (da chacina)", afirmou Brum.
Segundo Brum, hoje comandante do Batalhão de Choque da PM, as dúvidas quanto à culpa dos três presos surgiram a partir da identificação de um suposto grupo de extermínio formado por policiais militares radicados no Rio Comprido (zona norte do Rio).
O soldado Marcos Vinícius Borges Emmanuel integraria esta quadrilha de matadores. Outro suposto membro seria o policial militar Maurício da Conceição, co Sexta-Feira 13, morto há dois anos em tiroteio entre policiais.
Brum disse no tribunal que Sexta-Feira 13 era muito parecido com o soldado Cláudio Luiz Andrade dos Santos, preso após ser apontado por meninos de rua como envolvido na chacina.
"A análise da foto de Sexta-Feira 13 revelou uma semelhança incrível com o Cláudio. A partir deste momento havia a indicação de que outros poderiam não ter participado. Em relação ao Cláudio, isso era inequívoco, dada a grande semelhança", disse Brum.
As investigações desenvolvidas desde a chacina formaram em Brum a suspeita de que os autores teriam sido o soldado Emmanuel, Sexta-Feira 13 e os policiais Nélson Oliveira dos Santos Cunha e Marcos Aurélio Dias Alcântara.
À época do massacre, os quatro eram vizinhos no Rio Comprido. Além disso, se conheciam desde a infância.
Cunha e Alcântara estão presos em regime temporário. Cunha confessou ter participado da chacina, inocentou os outros três réus e acusou Emmanuel.
Um ponto favorável aos réus Cortes, Cláudio Santos e Jurandir França é que as investigações não conseguiram estabelecer um elo entre eles e o grupo do Rio Comprido. O único ponto em comum é que os três trabalhavam no 5º BPM (Batalhão de Polícia Militar).
O que reforçou a suspeita contra o grupo do Rio Comprido foi a denúncia de que um Chevette bege igual ao usado pelos chacinadores chegou de madrugada ao endereço do Rio Comprido onde Emmanuel morava. Pouco antes, os menores haviam sido mortos.
No carro, segundo a denúncia, estavam Emmanuel, Sexta-Feira 13, Alcântara e Cunha. Este, na confissão, confirmou a denúncia. O carro pertencia a Sexta-feira 13.

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