São Paulo, quarta-feira, 1 de maio de 1996
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Testemunha reconhece um policial

CRISTINA GRILLO
DA SUCURSAL DO RIO

A testemunha Wagner dos Santos usa o paletó para esconder o rosto, ao chegar no prédio da Polícia Civil para fazer o reconhecimento

Wagner dos Santos, principal testemunha da chacina da Candelária, reconheceu ontem apenas um dos seis policiais militares apresentados a ele durante uma sessão de reconhecimento no prédio da Polícia Civil (centro do Rio).
Santos afirmou que o ex-soldado da PM Carlos Jorge Liaffa Coelho foi o homem que atirou em sua cabeça, dentro de um carro, na noite da chacina.
O ex-soldado Nélson Oliveira dos Santos Cunha, que na semana passada confessou ter participado da chacina e acertado um tiro acidental no rosto de Santos, não foi reconhecido pela testemunha.
"Isso não invalida o testemunho de Wagner, mas o fortalece. Desde o início ele mostra ter certeza de que Liaffa foi o responsável pelos tiros", disse a advogada Cristina Leonardo, que acompanhou a testemunha durante o reconhecimento.
"Ele encarou Liaffa por três ou quatro minutos e o apontou com convicção. Ele tinha lágrimas nos olhos quando apontou Liaffa", disse o delegado.
O fato de Cunha não ter sido reconhecido pela testemunha desagradou seu advogado, Luís Carlos Silva Neto.
"O ato de reconhecimento, para mim, é falho. Wagner estava ferido e inconsciente. Como ele reconhece uma pessoa que nega o envolvimento, enquanto meu cliente confessa espontaneamente e não é reconhecido?", disse.
Magoado
"Ele acha que foi desacreditado, que não deram importância ao que ele disse. Por isso ficou magoado e não pretende voltar ao país para prestar depoimento no próximo julgamento", disse a advogada.
Além de Liaffa e Cunha, os PMs Marcos Aurélio Alcântara, Nilton de Oliveira, Paulo Roberto Moura e Aladir Paulo da Rocha foram levados à sessão de reconhecimento. Nenhum foi identificado pela testemunha.
Marcos Alcântara e Nilton de Oliveira já estão presos. Moura e rocha serão chamados a prestar depoimento no inquérito.

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