São Paulo, quarta-feira, 1 de maio de 1996
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Organização argentina vê ação 'exemplar'

DANIEL BRAMATTI; JAIR RATTNER
DE BUENOS AIRES

A Coordenadoria contra a Repressão Policial e Institucional, organização argentina de defesa de direitos humanos, achou "exemplar" a condenação dos acusados pelo massacre da Candelária.
"É um fato inédito na América Latina. Ficamos muito satisfeitos, pois o desfecho deve ter repercussões em todo o continente. Vários estudos citam o massacre da Candelária como paradigmático em termos de violência policial", afirmou a advogada Maria Del Carmen Verdu, integrante da coordenadoria.
"Outro dado importante a ressaltar é que o julgamento foi feito por uma corte civil. Achamos que todos os crimes cometidos por policiais militares devem ser julgados por civis", acrescentou.
A Coordenadoria tem se empenhado em combater o fenômeno do "gatilho fácil" -como são chamados na Argentina os casos em que policiais atiram em pessoas desarmadas.
O último caso ocorreu há duas semanas na cidade de Dolores (290 km de Buenos Aires), onde um caçador de 18 anos foi morto por um policial ao se recusar a entregar as peles de capivara que portava.
Portugal
A primeira notícia do telejornal transmitido ontem à noite pela televisão pública portuguesa RTP2 foi a da condenação do policial militar responsável pelo massacre da Candelária a 309 anos de prisão.
O telejornal ressaltou que Marcos Vinícius Borges Emmanuel "só vai cumprir 30 anos".
No jornal da televisão privada SIC, o herói foi Wagner dos Santos, a principal testemunha do processo. A SIC contou que, mesmo depois de dois atentados contra sua vida, Santos não desistiu de testemunhar.
Para sobreviver, foi morar na Suíça, apoiado por uma organização de direitos humanos.
O jornal também destacou que, nos últimos dez anos, 6.000 meninos de rua foram mortos no Rio.
A condenação do policial militar foi notícia ainda nas principais rádios portuguesas ontem. Desde domingo, os jornais mantiveram uma cobertura diária do julgamento.

Colaborou Jair Rattner, de Lisboa

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