São Paulo, quinta-feira, 2 de maio de 1996
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'A colocação é bem leviana'

RODRIGO BERTOLOTTO
DA REPORTAGEM LOCAL

O professor de biologia Zysman Neiman, 33, afirma que "a colocação das alunas é bem leviana, mas compreensível porque adolescentes têm as idéias meio bagunçadas na cabeça".
Para ele, houve um mal-entendido.
Formado pela USP, com mestrado em psicologia, Neiman não pretende mais trabalhar como professor. Ele vai se dedicar à empresa Physis Cultura e Ambiente, uma organização não-governamental que pesquisa educação ambiental.
(RB)
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Folha - Em que tese se baseia o exercício na caverna?
Zysman Neiman - A gente tem acompanhamento de profissionais de psicologia. Como sabíamos que as idéias valiam a pena, resolvemos ousar. Mas com adolescente é complicado.
Folha - Houve contato físico entre você e as alunas?
Neiman - Houve toque meu com o grupo. Não procuro garotos e garotas para tocar no exercício. Eu tenho de estar no meio para perceber os limites.
Folha - Há alguma orientação antes desse exercício?
Neiman - Primeiro, os alunos participam se quiserem. Por sugestões de psicólogos, em algum momento o monitor interfere. Antes do exercício, a gente diz: "As pessoas estão cada mais afastadas. Poucas vezes você tem oportunidade de sentir o outro". Também explica que tem moral na jogada Eu digo: "Se vocês se sentirem invadidos ou agredidos, não façam".
Folha - Por que fazer exercício sensorial na caverna?
Neiman - A proposta é levar as pessoas às cavernas para terem sensações diferentes das que têm na cidade. Para que o fascínio venha à flor da pele. Já que o aluno está fazendo contato com pedra e árvore, por que não com o ser humano?
Folha - Por que no escuro?
Neiman - Você quer perceber de outra forma, e a visão percebe sempre. Trabalhamos vários sentidos. A atividade do tato, por ser forte, é feita por último.

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