São Paulo, quinta-feira, 2 de maio de 1996
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No Dia do Trabalho quem não parou foi a bola

MATINAS SUZUKI JR.
EDITOR-EXECUTIVO

Meus amigos, meus inimigos, o Corinthians alçou um vôo de Concorde para as quartas-de-final da Libertadores.
O time equatoriano do Espoli não está equipado, tecnologicamente, para atingir o escopo de uma vitória com saldo de dois gols, jogando fora de casa (se bem que, com a atual defesa do Corinthians, tudo é possível).
O Corinthians chega lá? Pode chegar, perfeitamente.
Um time que tem individualidades criativas como Marcelinho -que divide com o Rivaldo a posição de melhor jogador no futebol paulista-, Edmundo e Souza, em tese, pode muita coisa.
Mas o que se viu ontem? Apesar da vitória, um time lento, desorganizado taticamente e de extrema fragilidade no sistema defensivo.
À frente, Leonardo, apesar da habilidade para dribles curtos, é um atacante que se movimenta muito pouco, facilitando a marcação e onerando as alternativas de ataque.
Leonardo, Edmundo e Souza não retrocedem com desenvoltura para marcar a saída de bola inimiga (os volantes Obregón e Diaz subiam ao ataque livres, leves e soltos).
Souza é ciclotímico. Alguém o viu, em campo, ontem?
O sistema defensivo vai muito mal. Bernardo não reedita a performance da temporada passada em terras alvinegras, como guarda-beques.
O trio que se alterna no miolo da zaga, Célio Silva, Henrique e Alexandre Lopes, não se acerta (desconfio, apenas desconfio, que seja muito mais uma questão de treinamento e posicionamento, porque eles podem não ser gênios, mas também não são tão ruins).
E, ao Corinthians, falta, nas alas destra e sinistra, jogadores que funcionem eficientemente nas jogadas de ataque pelos flancos.
A viagem do alvinegro rumo ao cetro da terra passa pela estação da reengenharia tática.
*
O que falta no Corinthians, sobra na Portuguesa, essa República de Laterais que vendeu caríssima a sua derrota ao Palmeiras -com Cafu e tudo.
O show foi do Tico, mas o alviverde (com exceção do Djalminha) tem uma determinação de atingir os seus objetivos, uma responsabilidade de ganhar, raríssima em times de futebol.
Levou o jogo a sério, não se deu por vencido diante da superioridade tática e numérica da Portuguesa a dada altura do jogo e, além disso, contou, mais uma vez, com o zagueiro-artilheiro Cléber.
Quando o superataque não faz, a defesa, como na música de Cole Porter, "do it".
Quem segura este time?
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Djalminha encurtou os seus dias no Palmeiras, confabulei com minha gravata, na hora da sua expulsão.
Bingo. Em cima da hora, pela ESPN Brasil, o José Trajano tornou público o meu pensamento. Aliás, meu, do Trajano e da torcida do Palmeiras.
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Com o Milan campeão e o Bayern com uma mão na Copa da Uefa (ganhou de 2 X 0, do Bordeaux), a Opel obtém uma ótima rentabilidade nos seus investimentos em patrocínio de times de futebol.
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Mengo reedita o duo Bebeto-Romário. O duo de Atlanta?

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