São Paulo, sexta-feira, 3 de maio de 1996
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Relator quer abrir mercado de celular ao capital estrangeiro

Proposta contraria Motta, que quer limite de 49%

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O relator do projeto de desregulamentação do setor de telecomunicações, deputado Arolde de Oliveira (PFL-RJ), quer abrir ao capital estrangeiro, sem limites, as áreas de telefonia celular e satélite.
A proposta vai contra projeto do governo que restringe a 49% a participação das empresas de outros países nessas duas áreas.
A desregulamentação do setor de telecomunicações deverá ser votada ainda neste mês pela Câmara, sendo enviada depois ao Senado.
A única limitação imposta no parecer de Oliveira é quanto à participação de estatais estrangeiras.
O substitutivo do deputado ao projeto do governo prevê que as estatais estrangeiras não podem comprar mais de 50% das ações com direito a voto nessas áreas.
Divergência
O parecer de Oliveira prejudica a estratégia do ministro Sérgio Motta (Comunicações), que quer negociar com outros países antes de liberar totalmente a participação do capital estrangeiro nas áreas de celular e de satélites.
Motta pretende exigir reciprocidade de tratamento. Ou seja, o Brasil iria permitir a participação estrangeira nesses dois setores na mesma medida que outros países.
Outra proposta do relator contrária aos interesses do governo é a criação de subsidiárias da Telebrás independentes das "teles" (concessionárias estaduais) para assumir o serviço de celular.
O parecer do relator deve ser votado no dia 8 de maio na comissão de Ciência, Tecnologia, Comunicação e Informática da Câmara.
Depois, o parecer será enviado ao plenário da Câmara para ser votado em regime de urgência, o que poderá acontecer dia 14 deste mês. O projeto irá então ao Senado.
Apesar de ser um dos principais partidos da base governista, o PFL, partido do relator, não aceita o projeto do governo de limitar a participação estrangeira.
Caso o governo consiga derrubar na Câmara as mudanças do relator, o partido promete insistir na abertura ilimitada do setor quando o projeto for ao Senado.
A iniciativa privada deve começar a explorar serviços de telecomunicações no segundo semestre. A flexibilização do monopólio foi aprovada em 95, mas depende da regulamentação para ser efetivada.

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