São Paulo, sexta-feira, 3 de maio de 1996
Próximo Texto | Índice

Corinthians volta à base de calmante

JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
DA REPORTAGEM LOCAL

Os jogadores do Corinthians retornaram ontem a São Paulo traumatizados pelo acidente aéreo que envolveu a equipe anteontem no Equador.
A maioria da delegação precisou de calmantes para viajar.
"Sem sedativos, muita gente não teria condições de pegar outro vôo logo após o acidente", explicou Joaquim Grava, médico do clube.
"Cheguei a pensar em ficar no Equador", admitiu Agnaldo Moreira, preparador de goleiros. "Foi o pior momento da minha vida."
O diretor de futebol Jorge Neme foi um dos poucos que afirmou não ter tomado tranquilizante.
"Mas precisei de uísque", afirmou. "No segundo vôo, cada descida ou subida já assustava."
Abalado, o atacante Edmundo preferiu ficar no Rio de Janeiro. "Ele estava assustado e queria ficar com a família", explicou Paulo Roberto Perondi, segurança do clube. "Além do mais, era aniversário da filha dele."
O vice-presidente de futebol, José Mansur, que não esteve em Quito, reúne-se hoje com o time para saber do seu estado psicológico.
"Com certeza o grupo sentiu o choque", disse Mansur. "Eu mesmo tive uma crise de choro, de nervos, e acabei precisando de calmante para dormir."
O Corinthians conseguiu novo avião que o trouxesse de volta a São Paulo às 22h25 de anteontem.
O acidente com o Boeing 727 da Fly Linhas Aéreas ocorrera quatro horas antes, quando o comandante Cledir Joaquim da Silva "abortou" subitamente a decolagem.
Segundo a empresa aérea, o avião não havia conseguido velocidade suficiente para subir.
O Boeing 727 se desgovernou, derrubou um muro de proteção e parou na avenida adjacente ao aeroporto Mariscal Sucre. Em seguida, começou a pegar fogo.
O Corinthians, que derrotara o Espoli por 3 a 1, pela Libertadores, permaneceu uma hora no saguão do aeroporto, foi a um hotel, até embarcar em vôo da companhia costa-riquenha Lacsa.
Curiosamente, em 96 os corintianos insistiram em viagens de avião, para compensar a maratona de jogos que o time cumpre.
Sábado, a equipe deve voar para São José do Rio Preto (451 km a noroeste de São Paulo). "Mas eu preferia ir de ônibus", afirmou o volante Bernardo.

LEIA MAIS sobre o acidente do Corinthians à pág. 3

Próximo Texto: FRASES
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.