São Paulo, sexta-feira, 3 de maio de 1996
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Rio não tem tradição em eventos do Atletismo

SERGIO LUIS COUTINHO NOGUEIRA

SERGIO LUÍS COUTINHO NOGUEIRA
ESPECIAL PARA A FOLHA

Será realizado amanhã, no Rio, o GP Brasil de atletismo. O evento, que teve 11 edições em São Paulo, mudou.
É fundamental ao país a realização do evento, reconhecido por ser a primeira competição do Circuito Mundial.
Infelizmente, os órgãos federais que patrocinam a competição decidiram fazê-lo no Rio, para dar demonstração de que a cidade está apta a grandes eventos esportivos -e credenciá-la aos Jogos de 2004.
Deixemos de lado o bairrismo, mas não parece correto tirar um evento consagrado de São Paulo para realizá-lo experimentalmente no Rio, que não tem tradição em grandes competições de atletismo.
Tanto que quase toda a estrutura de organização, de arbitragem e dos atletas, será formada por paulistas.
Torcemos pelo sucesso do evento; seria muito ruim para o atletismo nacional se o mesmo fracassasse.
*
Com relação ao sonho de realizar os Jogos de 2004 no Rio, entendemos que ainda não é o momento.
E que só depois que os diversos esportes nacionais estiverem recebendo do governo e do Comitê Olímpico Brasileiro condições de treinamento é que o país pode pensar em realizar esse grande evento aqui.
Estamos a apenas três meses da Olimpíada e, até o momento, nenhum dos 30 atletas que estarão lá recebeu apoio.
Todas as despesas -incluindo médicos e fisioterapeutas- estão sendo custeadas por clubes ou suas economias.
Um país que deixa os seus representantes do esporte que mais medalhas olímpicas já conquistou nessas condições não pode alimentar o desejo de realizar uma Olimpíada.
*
Quanto ao Grand Prix de amanhã, o público terá ocasião de assistir a grandes demonstrações, como o insuperável e eterno Sergei Bubka, o incrível Michael Johnson, a campeã Gwen Torrence, o campeão Derrick Atkins, o recordista Mike Powell e o campeão mundial Donavan Bailey.
Para fazer frente aos inúmeros destaques estrangeiros, o atletismo brasileiro também estará com sua força máxima.
Devemos citar os brasileiros que foram finalistas nos 200 m no Mundial, Robson Caetano e Claudinei Quirino da Silva; Zequinha Barbosa, Joaquim Cruz e Flavio Godoy, que, anteontem, obteve o índice para os Jogos Olímpicos.
Nos 100 m, teremos Robson Caetano e Edson Luciano; nos 1.500 m rasos, Edgar Oliveira e o juvenil Hudson de Souza, que poderá quebrar o recorde sul-americano; nos 3.000 m rasos, o campeão pan-americano Wander Moura e a revelação Eduardo do Nascimento.
Nos 400 m com barreiras, deve tomar parte uma esperança de medalha em Atlanta: Eronildes Araújo, que, em 95, competiu no Circuito Europeu.
No salto em distância, o destaque será Nelson Ferreira Junior. Nos 110 m com barreiras, prova só de nacionais, o atleta Pedro Chiamulera tentará quebrar o recorde brasileiro.
No feminino, são poucos os destaques: a eterna Maria Magnólia Figueiredo, Luciana Mendes e Cleide Amaral.

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