São Paulo, sexta-feira, 3 de maio de 1996
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'City Hall' aborda limite da ética política

DANIELA FALCÃO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

"Conspiração em Alto Escalão" ("City Hall"), com Al Pacino, é um thriller político, segundo definição de seu próprio criador, o diretor Harold Becker.
O filme se passa em NY e gira em torno da carreira política do prefeito de origem grega John Pappas (Pacino) e seu assessor e pupilo Kevin Calhoun (John Cusack).
Pappas é um político experiente e populista que, apesar de não ser exatamente um homem corrupto, vive no limite da ética. Já Calhoun é o aprendiz idealista, que tem dificuldades em enxergar o lado negro do mentor.
Tudo vai bem entre as quatro paredes do "city hall" (prefeitura, em inglês) até que um garoto negro de seis anos é morto acidentalmente durante troca de tiros entre um traficante de drogas ligado à máfia e um policial.
Além de chocar a opinião pública, o crime termina desnudando a ligação suspeitíssima entre o prefeito Pappas e a máfia italiana.
É aí que o idealista Calhoun entra em cena, duelando com o veterano líder do Partido Democrata no Brooklyn e dublê de mafioso Frank Anselmo (Danny Aiello) para ver se o prefeito se regenera ou assume de vez seu lado negro.
Notáveis
O roteiro de "Conspiração em Alto Escalão" foi escrito por uma equipe de "notáveis" que inclui os nova-iorquinos Bo Goldman (duas vezes ganhador do Oscar de melhor roteiro) e Nicholas Pileggi, parceiro do diretor Martin Scorsese em filmes como "Cassino" e "Os Bons Companheiros".
Pacino, Cusack e Aiello estão bem em seus papéis, mas as atuações não têm nada de excepcional.
Se alguém achar que a cena é irreal demais, é bom lembrar que o suicídio de Aiello foi baseado em fato verídico, acontecido com um popular político nova-iorquino que, como Frank Anselmo, era o braço legal da máfia.
Mesmo com a trama um pouco cansativa e um elenco com atuações apenas corretas, há outro atrativo em "City Hall" que pode interessar os espectadores.
É que, pela primeira vez na história de NY, um cineasta foi autorizado a gravar dentro das dependências da prefeitura. A equipe entrava na sede no fim do expediente da sexta-feira e saía à meia-noite de domingo. Segundo Becker, apesar de cansativo, o esquema deu mais "realismo" às gravações.

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