São Paulo, segunda-feira, 6 de maio de 1996
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Periquito pós-Quito

JUCA KFOURI

Prometi justificar hoje a temerária previsão de que os favoritos periquitos cairiam diante dos unidos mosqueteiros depois do susto em Quito.
Verdade que meu vizinho Alberto Helena Jr. se antecipou e ontem mesmo escrevia sobre "uma atmosfera mística... que às vezes tem mais força que um disparo do Marcelinho". Ele se referia ao Corinthians como "o povo escolhido de Deus".
Quantas vezes foi assim mesmo? O bi paulista de 82/83, quando a Democracia corintiana de alguns poucos e belos jogadores derrotou o São Paulo, que era uma verdadeira seleção brasileira, tinha sido exatamente isso.
E tantas vezes mais, como na célebre virada sobre o próprio Palmeiras que vencia por 2 a 0 e acabou derrotado por 4 a 3, em 1971, no jogo que reservou ao então menino Adãozinho um lugar de honra na história alvinegra.
Ou como na heróica vitória contra a máquina do Fluminense, em 1976, dia da inesquecível invasão do Maracanã. E assim por diante.
Só que o Palmeiras parece acima de tudo isso, do bem e do mal.
Depois de um primeiro tempo muito bem disputado, e num gramado em boas condições -aleluia!-, Rivaldo fez a diferença ao marcar um golaço que desnorteou o Corinthians.
O segundo tempo tratou de pôr as coisas em ordem. A superioridade verde aflorou com a naturalidade de quem se sabe melhor e que derrota até a mais otimista das intuições, mesmo quando ditadas pelo coração. Ou, pelo menos, empata.
Sim, porque com os nervos no lugar depois de tomar o segundo gol, o Corinthians foi à luta no velho estilo. Edmundo, de ombro, e Marcelinho, para reforçar os mistérios aludidos por Alberto Helena Jr., empatou com Deus.
O que não impede que este Palmeiras esteja fadado à eternidade. E seria tão bom se um milagre pudesse impedir a ida de Rivaldo para a Itália, tornando mais fácil a ida do Palmeiras a Tóquio no ano que vem... Tão bom que permitiria afirmar que, apesar de tantas provas em contrário, até Deus mudou de time e escolheu o Palmeiras.
Se Ele abençoou os corintianos no dia 1º de maio, em Quito, e voltou a abençoá-los em São José do Rio Preto, sem dúvida escolheu 1996 para vestir-se todo emperiquitado de verde.
Tanto que os corintianos comemoram este empate como se fosse uma vitória. E foi.
*
Dezessete vezes Romário!

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