São Paulo, segunda-feira, 6 de maio de 1996
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Anticoncepcional de açúcar não existe

ROSELY SAYÃO
ESPECIAL PARA A FOLHA

* "Estou com uma tremenda dúvida. Tenho 21 anos e vou me casar em breve. Como nós não pretendemos ter filhos logo, estou tomando anticoncepcional. Não usamos camisinha, já que somos parceiros fixos e fiéis. Mas fiquei sabendo que, por lei, existem cartelas de pílulas feitas de açúcar, ou seja, que não funcionam. Soube até de casos de gravidez com o uso de pílula. Meu ginecologista nega isso, mas tenho minhas dúvidas. Por favor, me diga se é verdade, pois não quero ter uma gravidez precoce."

Resposta
Gente, olha só o conceito de lei que estamos tendo em nosso país: que elas existem para sacanear as pessoas! Pode isso? Não deveria.
Mas, infelizmente, é isso o que está acontecendo. Já vi que, além de a gente ter de batalhar para que as escolas tenham orientação sexual, vamos ter de batalhar por espaço para discutir leis, cidadania.
Mas de um jeito legal, não para encher o saco. Para aprender que as leis servem, ou deveriam servir, para proteger o cidadão.
Já pensou, se assim fosse, teria também que ter lei obrigando a existir no mercado borrachudas prontas para arrebentar com o uso! Pois se existe o Inmetro justamente para garantir o contrário!
Claro que seu ginecologista está certo: isso não existe. Aliás, eu nunca tinha ouvido algo parecido. Vou anotar em meu caderninho de bobagens sobre a vida sexual.
As pílulas podem falhar, sim. Como qualquer método anticoncepcional. Não porque não sejam elaboradas de acordo, mas porque garantia de 100%, em se tratando de métodos anticoncepcionais, nada existe. Existem métodos contraceptivos mais seguros e outros menos. Mas, pelo menos um pequeno índice de falha, todos têm.
Boa parte das falhas das pílulas ocorrem com colaboração da falha humana: garota que esquece de tomar ou que toma sem orientação médica, por exemplo. E depois, juram que tomaram direitinho.
Seguinte: se você está assessorada pelo médico, toma o comprimido do modo correto, esquece a neura. Afinal, viver supõe correr riscos e assumir as consequências.

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