São Paulo, terça-feira, 7 de maio de 1996
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Reunião do Comunidade vira 'reflexão'

ELZA PIRES DE CAMPOS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os conselheiros do programa Comunidade Solidária se reuniram ontem durante cinco horas e se limitaram a fazer uma reflexão da questão social no Brasil. Nada de novo ou prático foi discutido.
A reunião aconteceu na Granja do Torto. Já no Palácio do Planalto, pouco antes de o presidente Fernando Henrique Cardoso falar das diretrizes sociais do governo, a primeira-dama, Ruth Cardoso, disse a um assessor: "Estou fugindo de jornalistas".
A reunião ocorre num momento em que o programa é acusado de ineficiente e burocrático pelo sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, e pelo humorista Renato Aragão, ambos conselheiros demissionários.
Jorge Eduardo Durão, ex-presidente da Associação Brasileira de ONGs, também decidiu deixar o grupo, igualmente insatisfeito.
Ações emergenciais
A reunião foi aberta por Ruth Cardoso, presidente do conselho, que fez um rápido pronunciamento sobre a importância do caráter universal das políticas sociais.
Ela disse que as ações emergenciais e localizadas contra a miséria e a pobreza são tão importantes como o enfrentamento das questões sociais de uma forma geral tratadas a longo prazo pelas ações do governo.
Depois de Ruth, o assessor especial do governo para a área social, Vilmar Farias, falou aos conselheiros sobre a necessidade de sistematização dos principais programas sociais do governo.
A discussão sobre a abrangência das ações sociais levou pelo menos cinco horas. Há um ano o conselho se reúne a cada dois meses.
Em entrevista à imprensa, os conselheiros resolveram tornar públicas algumas reivindicações.
Cobram do governo urgência nos programas sociais, avaliam que não há contradição entre a política econômica e as ações sociais e que não é possível fazer tão pouco por falta de recursos. Essas observações integram o documento que foi entregue ontem a FHC.
Agenda comum
Os conselheiros Miguel Darcy de Oliveira, diretor do Idac (Instituto de Ação Cultural), e Augusto de Franco, da Campanha Contra a Fome, foram os escolhidos para falar com a imprensa.
Segundo Darcy, os conselheiros acham que há pressa e urgência em agilizar programas, mas não listou quais. Ele defendeu uma maior participação da sociedade civil na condução dos problemas sociais. "Deve haver uma agenda mínima de interesse comum para a nação brasileira", afirmou.
Vários conselheiros, durante o encontro, reclamaram da timidez das ações do governo e da falta de recursos para a área social.

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