São Paulo, terça-feira, 7 de maio de 1996
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Comissão investiga dezenove cemitérios

Argentino fará exumações

ARI CIPOLA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MACEIÓ

A Comissão de Familiares dos Desaparecidos Políticos do Araguaia começa hoje a demarcar os 19 cemitérios clandestinos onde as Forças Armadas supostamente enterraram cerca de 60 militantes do PC do B mortos na guerrilha, na primeira metade da década de 70.
A procura dos restos mortais dos guerrilheiros será coordenada pelo antropólogo argentino Luis Fondebridr, da Equipe Argentina de Antropologia Forense, ligada à Federação Latino-Americana de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos, com sede na Venezuela, e reconhecida pela ONU (Organização das Nações Unidas).
A equipe de Fondebridr é a única especializada na América Latina em localizar e exumar ossadas de desaparecidos políticos. Eles já fizeram trabalhos semelhantes ao que iniciam hoje no Araguaia na própria Argentina, no Chile, Guatemala e na África.
Nesta primeira viagem, a comissão quer demarcar os cemitérios já catalogados nestes 20 anos, com o objetivo de que eles não sejam destruídos, segundo Criméia Almeida, presidente da comissão.
Guias
Eles vão usar como guias pelo menos cinco moradores da região que trabalharam como coveiros das Forças Armadas durante a guerrilha.
A comissão acredita que, com esse trabalho, será possível encontrar novos cemitérios.
A comissão quer dar um tratamento científico às escavações, por isso recorreu aos especialistas argentinos, cuja equipe também é integrada por arqueólogos e médicos legistas. O restante da equipe argentina só se unirá à comissão durante a fase de escavações.
Segundo Criméia Almeida, a retirada dos restos mortais só começa em uma segunda etapa que ainda não foi planejada. Nesta fase, serão usadas técnicas de arqueologia para se ter um melhor resultado histórico e de identificação.

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