São Paulo, terça-feira, 7 de maio de 1996
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Educação em crise; Reação típica; Álcool em debate; Resposta; Indignação; Desatualizada

Educação em crise
"Elogiável a cobertura que a Folha dedicou à educação.
Quero sugerir que o debate sobre a gratuidade do ensino em estabelecimentos oficiais seja aprofundado.
Uma ressalva: a PEC 233 jamais foi 'festejada por analistas de direita e esquerda'. Ao longo das audiências públicas da Comissão da Câmara que a analisou ficou evidente que a Undime, a esmagadora maioria das universidades e dos especialistas, bem como os partidos de oposição, opõem-se a ela e apresentaram alternativas consistentes a essa iniciativa governamental."
Ivan Valente, deputado federal pelo PT-SP (Brasília, DF)
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"Sobre a reportagem '70% dos alunos não sabem matemática': aguardamos, ansiosos, várias páginas de reportagem sobre as tomadas de decisões do Ministério da Educação quanto a tão terríveis, porém óbvias, constatações."
Maria Regina dos Santos (Ubatuba, SP)

Reação típica
"O editorial da Folha (6/5) em resposta ao meu artigo da última sexta-feira denota reação típica de quem não aceita a crítica. Preferiu agredir a contestar com dados. Recorreu a lugares-comuns em lugar de argumentar.
A Folha errou de novo ao afirmar que critiquei 'a defesa que o jornal faz do programa de renda mínima'. Mostrou uma leitura apressada do meu artigo. Sou favorável ao programa e já disse isso em texto que, a seu pedido, escrevi em 1994.
Não perdi 'o espírito da coisa', pois deixei claro na sexta-feira que 'é essencial viabilizar um programa de renda mínima'. Minha crítica ao jornal, que mantenho, objetivou evidenciar que a solução não é tão simples como a reportagem deu a entender.
Felizmente, o editorial reconhece que o assunto foi tratado com paixão."
Mailson da Nóbrega, ex-ministro da Fazenda (São Paulo, SP)

Álcool em debate
"Queremos elogiar a Folha em relação ao seu posicionamento quanto ao álcool carburante e aos atores que direta ou indiretamente atuam nesse setor.
Somos partidários do posicionamento democrático de que o meio de comunicação deve refletir a opinião da sociedade e buscar, sempre, isenção entre agentes antagônicos.
No caso, trata-se do polêmico embate entre a estrutura monopolística do petróleo e a combalida agroindústria, onde a Folha vem caracterizando, de forma isenta, as questões que envolvem os vários posicionamentos."
Oscar Figueiredo Filho, presidente do Sindicato da Indústria da Fabricação do Álcool no Estado de São Paulo -Sifaesp (São Paulo, SP)

Resposta
"Resposta às acusações do fazendeiro Lamartine Navarro Junior (Folha, 25/4):
1) O MST ocupou a fazenda Vale de Cantú com aproximadamente 230 famílias porque a fazenda havia sido vistoriada pelo Incra, que deu laudo dizendo que a fazenda era improdutiva.
2) Ocupamos a fazenda, com apoio da prefeitura, devido ao fato de a fazenda não estar cumprindo com a função social determinada na Constituição e há muito tempo sonegar imposto.
3) O gado passou a ser solto sobre as plantações das famílias.
4) Houve queima de casas de posseiros pelos capangas dos fazendeiros, registrada com queixa-crime na delegacia de Laranjal contra os jagunços.
5) O trator Massey Ferguson foi levado pelas famílias para a ocupação para que não fosse queimado pelos pistoleiros e colocada a culpa nos sem-terra.
Esse trator nunca funcionou, está parado. Foi solicitado à prefeitura que fosse buscar, e eles não foram.
6) Tem sido constante a provocação às famílias acampadas pelos pistoleiros do proprietário. Há inclusive policiais que dão cobertura aos pistoleiros.
7) Houve duas mortes entre os sem-terra. Motivo: um grupo de oito acampados nunca se submeteu às normas do acampamento. Três deles já haviam sido expulsos por motivo de roubo, dentro do acampamento e na vizinhança, desrespeito às mulheres e crianças e por porte de armas dentro do acampamento.
Após a expulsão, esse grupo passou a ameaçar e agredir pessoas da comunidade. Hoje, o grupo que provocou a briga e o grupo que matou os dois não permanecem mais na área.
8) Algumas cabeças de gado foram mortas porque a fome no acampamento era grande e porque o gado estava sempre solto sobre as plantas do pessoal.
9) Desconhecemos o fato que os sem-terra tenham agredido funcionários do Incra em 5/4."
Roberto Baggio, integrante da coordenação da direção nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (São Paulo, SP)

Indignação
"Venho manifestar minha indignação ao deparar em 21/4 com o editorial de primeira página da Folha. Eu o considero um editorial covarde, envergonhado, cheio de obviedades e vaselina.
Percebe-se que a Folha está pisando em ovos e quer agradar a gregos e troianos. Ou a Folha faz opção pela sociedade ou irá pelo ralo, apesar dos fascículos e do investimento em telefonia.
Um Estado que usa a polícia para matar seus cidadãos não merece complacência. Não esqueçamos Stálin com os assassinatos dos opositores e os jornais ditos da esquerda justificando tudo ou fazendo de conta que não estava acontecendo nada."
Izaias da Silva (São Paulo, SP)

Desatualizada
"É necessário e oportuno que se atualize o artigo 5º da atual Constituição Federal alterando sua redação, a qual deverá ser iniciada como segue:
Art. 5º - Ressalvados os interesses dos poderosos, todos são iguais perante a lei...
Essa sugestão ocorreu-me ao ler notícias sobre a precariedade financeira da saúde pública e, concomitantemente, a liberação de bilhões e bilhões de reais em cobertura a rombos apurados em contas de bancos, provavelmente resultantes de más gestões de diretores desses estabelecimentos."
Silvio Cintra Valença (Birigui, SP)

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