São Paulo, quarta-feira, 8 de maio de 1996
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FHC provoca Maluf durante a posse

DANIELA FALCÃO; AUGUSTO GAZIR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Na solenidade de posse do pepebista Francisco Dornelles no Ministério da Indústria, do Comércio e do Turismo, o presidente Fernando Henrique respondeu indiretamente às críticas do prefeito Paulo Maluf e disse que o ministro "representa a participação direta do PPB no governo".
O prefeito de São Paulo vem insistindo na tese de que o convite de FHC foi feito a Dornelles e não ao partido, o que reiterou ontem.
"As reformas que estamos implementando são parte constitutiva do programa do PPB", disse ainda FHC.
Dornelles também pareceu impermeável ao tratamento ácido que Maluf tem dispensado ao governo. Afirmou que o PPB, ao participar do governo, está sendo coerente com seus princípios.
FHC fez ainda uma provocação mais direta a Maluf, presidente de honra do PPB, presente à cerimônia: afirmou que a indicação do ministro contou com o "entusiasmo" dos dirigentes do partido. Maluf resistiu à nomeação.
A resposta
Depois da posse e dos recados disparados por FHC, Maluf não fez por menos: "A escolha de Dornelles foi uma opção pessoal do presidente e não significa que o PPB esteja entrando no governo. Nós não pedimos nada", afirmou.
Cercado o tempo todo por parlamentares e jornalistas, disse que continuará criticando o que achar errado no governo federal.
"Sou um homem independente porque realizo as obras em São Paulo com minhas próprias pernas. Faço críticas a programas e a idéias, não a pessoas, e não pretendo parar", afirmou Maluf.
Perguntado se, de agora em diante, passará a apoiar integralmente FHC, Maluf respondeu que não. "Seria como dar um cheque em branco ao portador. Não posso fazer isso."
Para o prefeito, não foi o PPB que entrou no governo e sim o presidente, que passou a adotar as propostas do PPB.
O prefeito manteve as críticas que vem fazendo ao valor do salário mínimo, ao desemprego e ao Proer (programa de reestruturação de bancos).
"Posso reclamar do valor do mínimo porque, na Prefeitura de São Paulo, o menor salário é de R$ 360,00. Tenho autoridade para criticar."
Sobre o Proer, Maluf disse que é contra a ajuda do governo federal aos bancos em dificuldades.
(DANIELA FALCÃO e AUGUSTO GAZIR)

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