São Paulo, quarta-feira, 8 de maio de 1996
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Tipo de Eddie Murphy ajuda a combater racismo

INÁCIO ARAUJO
DA REDAÇÃO

Eddie Murphy é, mais que um ator, uma estrela: desse tipo de gente que atrai as atenções sobre si, faça o que fizer.
Talvez o sucesso da série "Um Tira da Pesada" repouse em boa parte sobre esse carisma. Hoje, passa o segundo exemplar da série (às 15h, na Globo). Não tem a novidade do primeiro, nem o talento do terceiro.
Mas tem a formidável alternância entre seriedade e gozação, que caracteriza o tipo de Eddie. Ele virou um pouco protótipo do crioulo malandro, que usa suas características para reverter as injustiças que se abatem sobre sua condição (de negro). E o faz com um humor capaz de derrubar a secular discriminação.
"Um Tira" bate com facilidade "Os Cowboys" (Globo, 1h10), de Mark Rydell. Aqui, John Wayne é o tiozão que, por falta de verdadeiros caubóis, investe em adolescentes como coadjuvantes no transporte de gado.
John Wayne é uma figura tutelar. Ninguém, mais do que ele, encarna o faroeste (e o próprio Oeste).
Mas existe uma imoralidade intrínseca neste filme. Ali, onde se poderia até pensar em iniciação à vida, temos uma brusca transição da infância à idade adulta.
Aqui, Wayne parece mais uma relíquia. Estávamos em 1972, e era evidente a incapacidade de reencontrar o mito do Oeste como aventura moral: a Guerra do Vietnã já era uma ferida visível demais para encobrir as contradições dos EUA.
(IA)

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