São Paulo, quarta-feira, 8 de maio de 1996 |
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Masur recria o idílico
LUIS S. KRAUSZ
Kurt Masur, regendo na noite de 6 de maio, no auditório da Sociedade de Cultura Artística, a episódica música para "Sonho de uma Noite de Verão", mostrou que sua relação com a Orquestra Gewandhaus de Leipzig é uma verdadeira (e antiga) história de amor. Nessa peça brilhante e extrovertida, cheia de prazer e de alegria, a orquestra, dirigida com enorme suavidade e carinho, exibiu, em grande estilo, sua sonoridade cheia e cintilante. Em sintonia com sua tradição de orquestra de estréias, apresentaram, em seguida, o concerto para corne inglês e orquestra, do americano Ned Rorem. Nessa peça altamente etérea e hipnótica, com passagens de gosto oriental, de frases breves e idioma moderno, mostraram que sabem também se aventurar por outras searas - e receber convidados. No caso o solista Thomas Stacy. Com admirável discrição e fluência deixaram que Stacy -a quem Rorem dedicou essa peça em 1994- se tornasse o centro absoluto das atenções, numa peça surpreendente, de enorme riqueza rítmica e de humores variáveis, que vão do onírico ao idílico. Para a segunda parte do concerto Masur escolheu alguns trechos das suítes sinfônicas baseadas no balé Romeu e Julieta, de Prokofiev. Com momentos de grande dramaticidade e exacerbação de sentimentos, trata-se de uma outra interpretação musical de Shakespeare, complementar à do idílico Sonho de uma Noite de Verão. Aqui rege a musa trágica, com seu canto denso e pesaroso, ainda que extrovertido e brilhante, evidenciando, mais uma vez, a enorme versatilidade, fluência e refinamento deste regente com seus grandes músicos. Texto Anterior: Fusão de estilos marca shows em SP Índice |
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