São Paulo, sexta-feira, 10 de maio de 1996
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Alianças e economia são problemas

REINALDO AZEVEDO
COORDENADOR DE POLÍTICA DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os problemas sérios do presidente FHC ou são criados por seus aliados ou decorrem das exigências do plano de estabilização da economia.
A oposição ou os adversários eventuais -como o senador José Sarney (PMDB-AP)- são as "agulhas" que menos contam nas dores de um presidente que se trata com acupuntura.
Há tempos os peessedebistas avaliam que a agenda oficial no Congresso obedece mais ao programa, às convicções e às conveniências do PFL do que do PSDB.
Aos tucanos já não contenta mais ter o presidente da República -lembrança na qual insiste, por exemplo, o ministro Clóvis Carvalho (Casa Civil). É preciso influir mais no governo.
A disputa em torno da telefonia celular é um sintoma.
Na quarta-feira, o novo líder do governo na Câmara, Benito Gama (PFL-BA), comandou uma reunião com parlamentares governistas para mudar o texto que regulamenta a área. Os tucanos não foram convidados.
A alteração retira do Ministério das Comunicações qualquer interferência na área. A votação foi adiada anteontem e ontem. O PSDB não aceita o texto e manda um recado ao PFL: chega.
Os tucanos dizem que têm cedido às pressões do aliado em nome da estabilidade da base política. Mas acabou o armistício.
Esse recado foi levado anteontem à noite ao presidente Fernando Henrique Cardoso.
Os pefelistas juram que não houve qualquer cálculo na exclusão do PSDB das negociações. Avaliam também que, se o partido está descontente com FHC, esse é um problema de tucanos.
À guerra na base de apoio, somam-se os problemas decorrentes da necessidade de manter a estabilidade "a qualquer custo".
A advertência foi feita pelo próprio presidente em encontros promovidos na semana passada no Palácio da Alvorada com economistas e intelectuais.
Empresários e trabalhadores pressionam FHC por uma mudança na política econômica. Aqueles reclamam contra a taxa de juros, estes, contra o desemprego e o salário mínimo.
Ao presidente resta dizer que o mínimo é o máximo que Estados e municípios suportam e que o desemprego não é tão feio quanto vem pintado nas estatísticas.
FHC luta ainda contra as críticas sobre o desempenho na área social.
Sobre as reformas econômicas, o presidente, em tese, aprova o que quiser. Conta com 414 deputados na Câmara (precisa de 308) e 67 senadores (são 81 ao todo). O problema é manter a fidelidade de uma base tão ampla.

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