São Paulo, sábado, 11 de maio de 1996
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Sindicalistas ameaçam realizar novas invasões

MÁRCIO DE MORAIS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os eletricitários planejam fazer novas invasões de instalações elétricas, como as promovidas durante esta semana em Brasília, no Rio, Pará e Estados do Sul.
A afirmação foi feita pelos diretores do Sinergia-DF (Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Energia Elétrica em Brasília), Marco Martinelli e Paulo Thadeu.
Martinelli e Thadeu, que invadiram anteontem a subestação Brasília Sul, disseram que as ações integram o plano dos eletricitários, batizado de "Metodolgia de Luta", para chamar a atenção da opinião pública e das autoridades para reivindicações da categoria.
Ontem os eletricitários abandonaram, após determinação da Justiça, a subestação de Jacarepaguá, no Rio, e o Centro de Operações do Sistema da Eletrosul, em Curitiba (PR). Os locais haviam sido invadidos anteontem e na última quarta-feira, respectivamente.
Em Gravataí (RS), os invasores também receberam ordem judicial para deixar a subestação da Eletrosul. Às 22h, já haviam iniciado a desocupação, saindo da sala de controle. Os eletricitários de Itá (SC) disseram que abandonariam a subestação na noite de ontem.
Precedente
Thadeu disse que as invasões se inspiraram no movimento dos petroleiros do ano passado, quando o país quase ficou sem combustíveis por causa do desligamento das refinarias da Petrobrás por 30 dias.
"Eles nos ensinaram que a ocupação deve ser feita com base no controle do produto. Eles controlam o petróleo. Nós, a energia."
O plano é centralizado na Federação Nacional dos Urbanitários, filiada à CUT (Central Única dos Trabalhadores). A central tem sob controle a maior parte dos sindicatos de eletricitários no país.
Segundo a categoria, não há planos de invadir locais em São Paulo -na capital o sindicato não é filiado à CUT. Thadeu disse que não poderia revelar os próximos alvos.
Eles dizem que as invasões estão sendo planejadas para serem "pacíficas e ordeiras" e que os cortes de energia só ocorrerão em caso de ação violenta da polícia. "Na confusão pode ser que alguém desligue sem querer uma das chaves", disse Thadeu, em tom irônico.
Dissídio
O TST (Tribunal Superior do Trabalho) julgará o dissídio coletivo dos eletricitários, impetrado dia 25 de abril, na segunda-feira, às 13h. A Eletrobrás pede que a greve da categoria, que já foi suspensa em abril, seja declarada abusiva.
Os eletricitários vão pedir aos ministros que julguem o movimento com uma visão global do país. "São bilhões para banqueiros e usineiros, salário-mínimo de R$ 112 e massacre de sem-terra. As nossas reivindicações são pequenas perto disso", disse Martinelli.
O sindicato quer 14,03% de produtividade, mais 3,8% de equiparação aos telefônicos e participação nos lucros da Eletrobrás, o que daria R$ 1.419,00 para cada um dos cerca de 45 mil eletricitários.
A Eletrobrás alega, segundo o sindicato, que não está em condições de atender as reivindicações.
Oito instalações elétricas foram invadidas desde o dia 2 de maio. Nesse dia, os eletricitários invadiram três subestações no Pará.

Colaborou a Agência Folha em Curitiba, em Porto Alegre e em Florianópolis

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