São Paulo, sábado, 11 de maio de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Colégio particular discute preconceito

Livro gera debate em biblioteca

PEDRO ALEXANDRE SANCHES
DA REPORTAGEM LOCAL

A vida escolar é um mar de rosas no Colégio Santa Cruz (Alto de Pinheiros, bairro nobre de SP).
A turma da 3ª série C, de 34 alunos, chega alegre para a primeira aula, às 13h. Metade vai para a aula de ciências e metade, para a de biblioteca -depois, revezam.
Os da biblioteca discutiram na quarta-feira passada o livro "Pedrinho Esqueleto" com a professora, a pedagoga Maria Beatriz Savoldi, 29.
O preconceito racial foi tema da discussão. A professora pergunta: "O que vocês vão pensar se virem uma pessoa escura num carro importado?". A maioria responde que deve ser um motorista, outros acham que pode ser um ladrão.
"A cor da pele é importante?", tenta rebater ela. "O importante é ser rico", responde Pedro, 9.
Depois, as duas meias turmas se reagrupam e vem outra professora, com duas aulas de português, sobre acentuação. A professora tenta driblar a conversa generalizada que impera durante a aula.
O professor de música interrompe a aula e diz que as meninas não devem pedir às mães para comprar vestido novo no shopping para a missa das mães. Avisa que haverá aula de flauta no dia seguinte.
A última aula, de matemática, é precedido de vídeo sobre frações. O exercício é compreendido com facilidade por 33 dos 34 alunos.
"É uma delícia estudar aqui. Se eu estudasse em qualquer outro colégio, seria uma pessoa muito infeliz", afirma Juliana, 9.

Texto Anterior: Alunos não sabem ler, e professora erra português
Próximo Texto: Professores têm pós-graduação
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.