São Paulo, sábado, 11 de maio de 1996
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Emissão de pré-datados aumenta 18%

MÁRCIA DE CHIARA
DA REPORTAGEM LOCAL

A emissão de cheques cresceu 18% na primeira semana de maio em relação ao mesmo período do ano passado. O aumento da fatia dos pré-datados foi de 5,8% no período.
Segundo levantamento preliminar feito pela Teledata, empresa especializada em garantir o pagamento dos cheques que circulam no comércio, 69,1% dos cheques consultados entre os dias 1º e 7 de maio eram pré-datados. Em igual período do ano passado, essa modalidade de pagamento respondia por 65,2% das consultas.
A fatia do pré-datado em maio também aumentou em relação a abril. No mês passado, esse tipo de cheque representou 62,6% das consultas recebidas, o maior percentual registrado neste ano.
Deolinda Victória, gerente de marketing da Teledata, diz que o mês de maio deve fechar com a emissão de pré-datados superior à de abril.
O recorde na emissão de pré-datados foi batido em novembro de 94. Naquele mês, eles responderam por 66,5% do total de cheques emitidos.
"O comércio tem se empenhado em girar o estoque com pré-datado", diz Deolinda.

Guerra
Segundo a Folha apurou, está ocorrendo uma verdadeira guerra de prazos entre as grandes redes de supermercados em Salvador (BA).
Desde o dia 25 de abril, a loja Superbox de Salvador (BA), do grupo Pão de Açúcar, está aceitando cheque pré-datado para o dia 22 de julho nas compras entre R$ 60 e R$ 400.
A contar do início da promoção, o prazo é de 87 dias, muito superior ao prazo médio oferecido pelas outras dez lojas da rede, que é de 30 dias.
O grupo Pão de Açúcar não quis informar se a promoção, batizada de "cheque tartaruga", vai continuar a após o final de julho.
"Esses prazos são muito exagerados para vender produtos alimentícios", diz Jaime de Moura, diretor da rede de supermercados Olhepreço.
A empresa tem 32 lojas, 25 em Salvador e 7 no interior da Bahia, e está oferecendo prazos longos em apenas 6 delas -somente nas unidades que ficam próximas das redes concorrentes que estão dilatando os prazos de pagamento.
Nas compras acima de R$ 50, a rede aceita cheque pré-datado para o dia 10 de julho.
No caso da rede de supermercados Olhepreço, diz Moura, o risco não é tão elevado quanto o dos concorrentes. É que, como a rede tem sua clientela nas classes de menor poder aquisitivo, que não usam cheque, a venda com pré-datado representa 7% do faturamento global.

Juros
No caso do Superbox e do Olhepreço, não estão sendo cobrados juros na venda com pré-datado.
Mas, segundo Moura, outras redes estão embutindo juros se o consumidor optar pelo pagamento com pré-datado.
Para ele, essa guerra de prazos reflete a queda de até 8% registrada nas vendas de abril em relação a março.
"As empresas estão tentando recuperar o que perderam no mês passado", afirma.
Segundo ele, quem está trabalhando com prazos longos para o pré-datado há mais de um mês corre o risco de não receber o dinheiro na data do vencimento.
É que o consumidor, com o orçamento cada vez mais apertado, se habitua a passar pré-datados e pode acabar perdendo o controle do que deve.

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