São Paulo, domingo, 12 de maio de 1996
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Entidade reúne mães solteiras por opção

PATRICIA DECIA
DE NOVA YORK

Uma associação norte-americana reúne, há 15 anos, mulheres solteiras, independentes financeiramente, com média de idade de 35 anos e um desejo comum: ser mãe.
A "Single Mothers By Choice" (Mães Solteiras por Opção) começou, em 81, como uma reunião semanal na sala de estar da psicoterapeuta Jane Mattes, em Nova York.
Mattes engravidou por descuido, aos 36 anos. O pai não queria assumir a criança, e ela decidiu ter o filho sozinha. Para dividir suas experiências e dificuldades, resolveu promover um encontro em casa.
Na primeira reunião, oito mulheres compareceram. Hoje, a SMC tem 2.200 associadas e mais de 20 sedes nas maiores cidades dos Estados Unidos, além de um grupo no Canadá.
Metade dessas mulheres já tem filhos e dá e recebe apoio a outras mães na mesma situação. A outra metade é formada por interessadas em se tornar mães solteiras que ainda não tomaram a decisão.
Critérios
O único critério da SMC para aceitar sócias é que a mulher tenha decidido criar seu filho sozinha. Por isso, são excluídas viúvas, divorciadas, homossexuais com parceira fixa e mulheres que têm um companheiro, mesmo que não sejam casadas oficialmente.
"Não há nada de político ou de feminista na SMC. Somos mulheres que sentiram o relógio biológico, que querem ter uma família apesar de não ter encontrado o homem certo", diz Mattes.
A idéia de formar uma família e o medo de não poder ter filhos por causa da idade foram os principais motivos que levaram a professora Bonnie Bercman, 48, a engravidar, 13 anos atrás.
Bercman, que hoje lidera um grupo da associação no Brooklyn, diz, no entanto, que a maternidade sem marido não é para qualquer mulher.
"É preciso ser muito segura, carinhosa e determinada. A mulher tem de ter a confiança necessária de que aquele é o momento e que a falta de um homem não é um obstáculo", afirma (leia texto ao lado).
Segundo Mattes, 50% das interessadas acaba decidindo não engravidar. "Só as mais determinadas resolvem ter o filho sozinhas, quando percebem todas as dificuldades." O preconceito, a mudança no estilo de vida e o relacionamento com a criança são algumas das principais dificuldades.
Guia
Para tentar esclarecer essas dúvidas, Mattes escreveu o livro "Single Mothers by Choice: a Guidebook for Single Women who are Considering or Have Chosen Motherhood" (Mães Solteiras por Opção: um Guia para Mulheres Solteiras que estão Pensando ou Decidiram pela Maternidade).
O livro resume o tipo de discussão e apoio oferecidos pela SMC. Entre os tópicos, estão os prós e contras de inseminação artifical, adoção e suas implicações legais e práticas.
Mattes discute o que escrever na certidão de nascimento, como lidar com o estresse do pós-parto e dá exemplos de acordos legais firmados entre mães solteiras e os pais de seus filhos.
A psicoterapeuta aborda, por exemplo, a identificação masculina, as perguntas mais comuns e como reagir se, por exemplo, seu filho disser que quer ser "uma boa mãe" quando crescer.
Mattes está trabalhando numa pesquisa com 15 filhos de mães solteiras, que deve terminar no ano 2000. O objetivo é verificar se essas crianças têm problemas de adaptação e desenvolvimento causados pela escolha da mãe.

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