São Paulo, domingo, 12 de maio de 1996
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TVs americanas discutem a violência

ELVIRA LOBATO
ENVIADA ESPECIAL A LOS ANGELES

A NCTA (National Cable Television Association), poderosa associação das operadoras de TV paga por cabo dos Estados Unidos, se juntou às empresas de radiodifusão e à indústria de cinema para elaborar um código próprio sobre a violência e imoralidade na programação.
A iniciativa é fruto da nova lei de telecomunicações, de fevereiro deste ano, que autorizou a instalação de um componente (Vchip) nos aparelhos de televisão para que os pais possam controlar o que suas crianças vêem na televisão durante o dia.
O Vchip vai permitir que os pais simplesmente bloqueiem a recepção dos programas que forem classificados como impróprios para o público infantil.
Temerosos de que a classificação dos filmes pudesse se transformar em poder de censura nas mãos do governo, os três segmentos da indústria do entretenimento procuraram o presidente Bill Clinton e assumiram o compromisso de fazerem, eles próprios, a classificação.
Pela lei, a classificação seria feita pelo FCC (Federal Communications Commission), órgão equivalente ao Ministério das Comunicações brasileiro.
O primeiro passo foi formar um grupo de trabalho, com representantes das TVs por cabo, radiodifusão e cinema, para estudar a opinião do público sobre a atual programação.
O grupo fará encontros com associações de pais e de professores em 32 Estados para levantar o que as famílias e as escolas consideram imoral e violento para as crianças.
Simultaneamente, quatro universidades -da Califórnia, Texas, Carolina do Norte e Minnesota- foram contratadas pela NCTA para fazer uma pesquisa, de âmbito nacional, sobre a violência na televisão. A pesquisa custará US$ 5 milhões.
"Queremos conhecer a opinião do público sobre o nosso produto antes de propor uma classificação dos programas por faixa etária", afirmou à Folha a vice-presidente executiva da NCTA, June Travis.
Travis disse que, na avaliação das operadoras de TV a cabo, um filme não pode ser considerado impróprio para crianças simplesmente por um conter uma cena de violência. "Se a cena for acompanhada de uma punição ela pode ser educativa".
Um dos mais renomados advogados da área de telecomunicações dos EUA, Robert Corn, disse que até agora nenhuma empresa contestou o Vchip na Justiça e que o produto já vem sendo testado até no Canadá.
"A classificação de filmes para a TV é algo complicado. Tenho crianças em casa e meu conceito sobre o que eles não devem ver pode não coincidir com os critérios da classificação", diz.
A jornalista ELVIRA LOBATO viajou a Los Angeles a convite da ABTA (Associação Brasileira de TV por Assinatura)

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