São Paulo, segunda-feira, 13 de maio de 1996
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Líderes do presidente trocam xingamentos e fazem ameaças

FERNANDO GODINHO; LUCIO VAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os desentendimentos entre os deputados Inocêncio Oliveira (PFL-PE) e José Aníbal (PSDB-SP), líderes dos dois partidos que formam o núcleo do poder do governo FHC, transformaram-se em uma troca de ofensas de baixo calão.
Ontem, Inocêncio disse à Folha que Aníbal é um "canalha, poltrão e salafrário". Ele estava irritado com a declaração do tucano publicada ontem pelo Painel, classificando o líder pefelista de "mentiroso e fanfarrão".
Inocêncio disse também que Aníbal não passa de um "covarde, pois esperou eu viajar para o interior de Pernambuco para plantar notas contra mim".
Ainda fez uma provocação: "Estarei no meu gabinete a partir de terça-feira para confirmar todas essas declarações".
Por trás dos desentendimentos, está a insatisfação do PSDB com a reforma ministerial feita pelo presidente Fernando Henrique.
Os tucanos não teriam sido consultados por FHC e não gostaram da nomeação de Luiz Carlos Santos (PMDB-SP) para o cargo de ministro de Assuntos Políticos.
Aníbal reagiu às declarações do líder pefelista. "Estou apenas qualificando-o. Disse que ele é fanfarrão e mentiroso. Isso é o Inocêncio. Se fosse para xingar, teria todos os xingamentos, todos os nomes para dizer a ele."
O tucano qualificou os ataques do deputado pernambucano como "um ato desesperado de um sujeito desequilibrado".
Aníbal disse ainda que a troca de ofensas não vai interferir na relação do PSDB e do PFL no Congresso. Ao menos nesse ponto, ele tem a mesma opinião de seu crítico.
"Somos de partidos diferentes. Temos operado no contexto de maioria política", afirmou Aníbal.
O pefelista, segundo o tucano, "só faz o jogo da bancada e fica na fanfarronice, dizendo que o PFL é isso e aquilo. O PSDB decidiu afirmar uma posição: agora fala".
O racha entre os dois partidos se tornou público na última semana, quando ambos impediram a votação de projeto que regulamenta a participação do setor privado no serviços de telefonia celular.
O PFL quer reduzir os poderes do ministro Sérgio Motta, que é do PSDB, criando um órgão regulador para definir a política do governo na área de telecomunicações. As mudanças no projeto foram feitas sem consulta ao PSDB.
Para Aníbal, "a briga começou quando Inocêncio disse que o PSDB teria de se contentar com o confeito antes de chegar o chocolate (se referindo à disputa de poder no governo FHC). Aí eu disse que ele era um fanfarrão e um boquirroto".
(FERNANDO GODINHO e LUCIO VAZ)

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