São Paulo, terça-feira, 14 de maio de 1996
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PATRÕES, UNI-VOS

Apesar de o individualismo ter sido sempre a marca mais forte das economias capitalistas, pode-se reavaliar a história econômica moderna no sentido exatamente contrário.
E descobrir uma verdade óbvia, mas pouco notada: o capitalismo tem sido uma das formas de organização econômica que mais estimulou a formação de organismos coletivos, cada vez mais complexos e dinâmicos.
Da sociedade anônima à expansão vertiginosa da franquia, o capitalismo tem sido uma usina de formas coletivas de produção, especialmente nos últimos cem anos. Formas que não se confundem com o estatismo socialista e, o que é mais importante, estimulam o próprio individualismo. Mas não se reduzem a ele.
O caderno especial "Franchising" que a Folha publicou no último domingo é uma demonstração indiscutível da vitalidade do setor no Brasil, que perde só para os EUA e Canadá.
Numa caricatura, pode-se dizer que a franquia é uma forma de o assalariado tornar-se patrão. É também a fronteira mais dinâmica do que se conhece como "terceirização".
Hoje se fala muito no desemprego. Mas o desempregado muitas vezes deixa de procurar emprego e abre seu negócio, em alguns casos prestando serviços para a empresa de onde saiu.
Esse novo mundo de empreendedores nascentes, entretanto, tem suas armadilhas. Há dois aspectos fundamentais: a diferença entre franquia e negócio próprio, de um lado, e a alta rotatividade das iniciativas.
Pesquisas mostram que a franquia sobrevive em média 10 anos, enquanto 95% dos negócios independentes não passam do segundo ano. Ou seja, na franquia o ex-assalariado torna-se patrão, mas o sucesso é maior quando os patrões estão organizados, por assim dizer num "coletivo".
Outro fator de risco é a alta taxa de mortalidade de empresas, lado a lado de uma alta taxa de natalidade. Ou seja, o sistema é extremamente dinâmico, ainda que muitos indivíduos pereçam ao longo do caminho. Isto é, também, capitalismo.

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