São Paulo, quarta-feira, 15 de maio de 1996 |
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Crise na BA destrói Mata Atlântica ONG tenta conter devastação JOSÉ ALBERTO GONÇALVES
Por causa da queda nos preços internacionais do cacau e da vassoura-de-bruxa, doença que assola as plantações, produtores estão abandonando a lavoura e desmatando a floresta para formar pasto ou vender madeira. No sul da Bahia, 80% da área de cacau é plantada em sistema de cabruca. Nesse sistema, são cortadas as árvores mais baixas e finas e preservadas as mais altas, onde o cacau é cultivado. Com o objetivo de frear o desmatamento, ONGs (Organizações Não-Governamentais) ambientalistas apóiam os agricultores dispostos a conservar a mata em suas fazendas, em troca de assistência técnica a cultivos alternativos. O Iesb (Instituto de Estudos Sócio-Ambientais do Sul da Bahia), por exemplo, está fazendo acordos com grandes fazendeiros que têm áreas próximas à Reserva Biológica do Una, perto de Ilhéus. Desde agosto de 95, quando começou o projeto, foram selecionadas dez fazendas. Seus proprietários se comprometeram a conservar áreas de floresta, que se ligam à reserva. O Iesb presta orientação técnica aos fazendeiros na implantação de projetos de piscicultura e culturas de transição entre a lavoura e a mata, como açaí e pupunha. "Queremos diminuir o impacto da atividade agrícola sobre os remanescentes da floresta", afirma Keith Alger, diretor do Iesb. Para ajudar pequenos produtores, o WWF (Fundo Mundial para a Natureza) apóia a implantação de sistemas agroflorestais. Segundo Robert Buschbacher, diretor do WWF, uma das principais preocupações da entidade é inserir os aspectos de beneficiamento e comercialização nos projetos. "Se os produtores não conseguem renda com seus cultivos, eles acabam partindo para o desmatamento", diz ele. Na comunidade de Japu, em Ilhéus, uma associação de pequenos produtores está formando uma cooperativa para vender cacau orgânico à Holanda. Em vez de adubos químicos, são empregados nas lavouras cascas de cacau e de mandioca, além de esterco. O diretor do WWF diz que os consumidores europeus se dispõem a pagar mais por alimentos saudáveis e cujo sistema de produção contribui com a preservação da floresta tropical. Texto Anterior: Brasil atrai 147 fabricantes estrangeiros Próximo Texto: Entidade quer royalty verde Índice |
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