São Paulo, quarta-feira, 15 de maio de 1996
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Justiça liberta réus e adia julgamento

CLÁUDIA MATTOS
DA SUCURSAL DO RIO

O juiz José Geraldo Antonio, do 2º Tribunal do Júri do Rio, decidiu ontem revogar a prisão preventiva de três dos acusados da chacina da Candelária. O tenente da PM Marcelo Ferreira Cortes, o soldado Cláudio Luiz Andrade dos Santos e o serralheiro Jurandir Gomes de França foram postos libertados.
Em seu despacho, o juiz decidiu também adiar o julgamento dos réus, que estava marcado para o próximo dia 27. Não foi marcada nova data para o julgamento.
Cortes, 27, que estava preso havia dois anos e nove meses, comemorou a revogação de sua prisão preventiva como se fosse uma absolvição. "Ainda bem que terminou. Vou poder voltar para casa. Não sei nem dizer o que estou sentindo", disse Cortes, que foi preso ao ser reconhecido pela testemunha Wagner dos Santos.
Cortes, no entanto, ainda terá que aguardar seu julgamento para ser definitivamente inocentado.
"Quanto antes for esse julgamento, melhor. Sempre soube que seria inocentado quando fosse julgado. Vou ser inocentado."
Desde o início da manhã, Cortes aguardou ansioso a decisão da Justiça, ao lado de seus irmãos Marcelia, 31, e Rubson, 29. Ao saber que havia reconquistado a liberdade, pediu um celular emprestado a um jornalista para ligar para sua mãe.
Para Cortes, o pior momento do tempo em que esteve preso foram os quatro meses iniciais, quando ficou preso na carceragem do Batalhão de Choque. "Todo mundo achava que eu era culpado."
Cortes foi cumprimentado por praticamente todos os soldados e oficiais que estavam de plantão no 5º Batalhão, onde estava preso.
Ele afirmou que não pretende pedir indenização pelo período que passou na prisão.

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