São Paulo, quarta-feira, 15 de maio de 1996
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Indústria estica prazo para comércio

FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

A queda nas vendas de alimentos, produtos de higiene, limpeza e bazar leva a indústria a aumentar de 45 para 60 dias, em média, o prazo de pagamento dado aos supermercados neste mês.
Os maiores prazos são oferecidos especialmente na linha de bazar e confecções. Neste caso, eles podem chegar a até 90 dias -15 dias mais do que o praticado em abril-, dependendo do produto.
"O que está acontecendo é uma tremenda vontade dos fornecedores de efetuarem vendas. Por isso os prazos esticaram", diz José Augusto Santana, diretor-presidente do Barateiro, rede com 29 lojas no Estado de São Paulo.
Em abril, os supermercados paulistas faturaram 3,2% menos do que em março e do que em igual mês do ano passado, segundo a Apas (Associação Paulista dos Supermercados).
Assim, eles diminuíram as compras neste mês, informa Firmino Rodrigues Alves, presidente da Apas.
Em promoção
Além de mexer nos prazos, as indústrias que abastecem os supermercados estão oferecendo descontos para alguns produtos que chegam a até 20%.
João Gualberto Vasconcelos, diretor da Petipreço, rede de supermercados bahiana com oito lojas em Salvador, diz que os descontos de 20% são dados especialmente pelos fornecedores de conservas, cereais etc.
"Para nós a indústria de alimentos e de higiene e limpeza aumentou de 35 dias para 45 dias o prazo de pagamento. A de bazar de 60 para 75 dias. Mas sei que outros supermercadistas têm prazos maiores."
Ele conta que a pressão dos supermercados para o aumento dos prazos de pagamento se intensificou a partir do momento em que as lojas decidiram parcelar também a compra do consumidor. "Eles tiveram que ceder."
David Araújo Neto, diretor comercial da rede Sé, diz que as negociações estão bem mais fáceis neste mês por conta da queda do consumo.
Na linha de perecíveis e não-alimentos, lembra ele, os descontos chegam a 30%. Nos alimentos, variam de 15% a 20%.
"A indústria está querendo desovar o estoque porque está com produção maior do que a do ano passado."
José Luis Demeterco, gerente de marketing da Mercadorama, rede paranaense com 13 lojas, diz que a indústria está oferecendo prazos e descontos também porque teme a concorrência com os importados.
"Temos 180 dias para pagar pelos produtos estrangeiros." Segundo ele, os maiores prazos de pagamento ainda são oferecidos para a linha de não-alimentos.
As taxas de juros cobradas dos supermercados, informam os empresários, não foram mexidas -continuam em torno de 3,5% a 4% ao mês.
Vendas em maio
Demeterco conta que as vendas nesta primeira quinzena do mês estão entre 10% e 15% menores do que em igual período do mês passado, mas ainda estão pouco acima do que em igual período de 1995.
Também a rede de supermercados Sé registra queda nas vendas neste mês -3% menos do que em igual período do mês passado. Na comparação com o ano passado registra empate.
Rodrigues Alves diz que espera a partir desta segunda quinzena do mês retomada do consumo. "Ainda não dá para dizer que vai cair ainda mais. Só sei que no último final de semana as lojas continuavam vazias."

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