São Paulo, quarta-feira, 15 de maio de 1996
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Gana e Serra Leoa aceitam liberianos

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Os governos de Gana e Serra Leoa autorizaram ontem o desembarque de refugiados da guerra civil da Libéria (noroeste da África) que saíram do país em navios nigerianos.
As duas embarcações, em estado precário de conservação, estavam superlotadas. As condições de higiene a bordo eram péssimas.
O Bulk Challenger, com cerca de 4.000 refugiados, foi autorizado por Gana a atracar em Takoradi.
Os passageiros do navio deixaram a capital da Libéria, Monróvia, no último dia 5, e foram sucessivamente rechaçados de porto em porto.
Uma mulher que estava no barco morreu em consequência de uma hemorragia interna, no domingo. Havia também pessoas com sintomas de disenteria, febre, pneumonia e cólera.
Segundo o ministro das Relações Exteriores de Gana, Mohammed Chambas, a União Européia e grupos humanitários se comprometeram a financiar o desembarque e a instalação dos refugiados.
Eles ficarão abrigados provisoriamente em um acampamento do Unicef (agência das Nações Unidas de apoio à infância).
O navio tentou atracar na Costa do Marfim e depois, por duas vezes, em Takoradi, mas a autorização fora negada.
A aceitação dos refugiados por Gana veio após pressão internacional e garantias de que o Estado não seria onerado com a assistência aos refugiados.
Serra Leoa também autorizou ontem o desembarque de cerca de 1.500 refugiados liberianos que estavam a bordo do navio Victory Reefer.
O barco chegou no sábado ao porto da capital, Freetown. Por ordem das autoridades, atracou a 1 km do porto.
Embora a maior parte dos refugiados no Victory Reefer seja de refugiados de Serra Leoa, o governo disse que antes de permitir o desembarque era necessário ter certeza de que não havia combatentes liberianos no navio.
A autorização para o desembarque foi concedida ontem. Segundo a ONU, já não havia água nem comida na embarcação.
A maioria das pessoas que desembarcou apresentava sinais de desidratação.
Combates
Pelo menos 17 pessoas morreram ontem em combates entre milícias rivais na capital da Libéria, Monróvia. Entre os mortos há dois civis, inclusive uma criança.
Militares norte-americanos disseram que a luta de ontem foi a mais intensa em cinco semanas.
Segundo a agência de notícias "France Presse", a maioria das vítimas é de combatentes da Frente Patriótica Nacional da Libéria, liderada por Charles Taylor, que enfrenta milicianos da Ulimo-J, leais a Roosevelt Johnson.
Eles foram mortos com armas brancas por milicianos da Ulimo-J que avançavam rumo ao bairro diplomático da cidade.
Os guerrilheiros também combateram com granadas, lança-morteiros e metralhadoras.
Corpos de combatentes, alguns mutilados, eram vistos nas proximidades da Embaixada dos EUA.
No conflito liberiano não há prisioneiros de guerra. Os membros de facções rivais aprisionados são executados.
Roosevelt Johnson foi afastado no início de abril da junta que governa o país, acusado de assassinato. Ele não quis se render e iniciou uma rebelião.

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