São Paulo, quinta-feira, 16 de maio de 1996
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Stephanes dá explicações sobre crise a FHC e ao PFL

DANIELA PINHEIRO
LUCIO VAZ

DANIELA PINHEIRO; LUCIO VAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Ministro só deve permanecer até votação da reforma

O ministro da Previdência e Assistência Social, Reinhold Stephanes, deu explicações ontem ao presidente Fernando Henrique e à cúpula do seu partido, o PFL, sobre a crise na sua pasta. O partido disse que mantém o apoio ao ministro.
A Folha apurou que, apesar desse apoio, o ministro deve deixar o cargo assim que terminar a votação da reforma da Previdência. O senador Vilson Kleinubing (PFL-SC) está cotado para o cargo.
A saída de Stephanes seria articulada pelo próprio PFL. Caberia aos pefelistas indicar o sucessor e conduzir a troca sem gerar novos desgastes para FHC. Dessa forma, o presidente afastaria o PSDB da disputa pelo cargo e evitaria expor o seu governo à turbulência do processo de troca de ministros.
Ontem, pela manhã, Stephanes disse ao presidente da República que enfrenta três grandes corporações no Ministério da Previdência. Stephanes esteve no Planalto durante a cerimônia de troca do quadro do gabinete de FHC. A tela exposta é "Agrigento III", do artista plástico Marco Giannotti.
Exemplos do corporativismo
O líder do PFL na Câmara, Inocêncio Oliveira (PE), contou que o ministro citou "os fiscais, os procuradores e os funcionários da Dataprev (a empresa de processamento de dados da Previdência Social)" como exemplos de corporativismo que tem combatido.
A crise de relacionamento com os fiscais e procuradores seria consequência de demissões já feitas e do provável corte nos salários mais elevados, em consequência da reforma Administrativa. Stephanes também trocou 23 dos 27 superintendentes do INSS.
Uma portaria baixada pelo ministro atingiu os fiscais. Eles perderam o poder de cancelar registros de entidades assistenciais. Esta decisão caberá a um conselho do ministério.
Em reunião-almoço, Stephanes recebeu o presidente nacional do PFL, Jorge Bornhausen, os líderes do partido na Câmara, Inocêncio, no Senado, Hugo Napoleão (PI), e os líderes do governo na Câmara, Benito Gama (BA), e no Senado, Elcio Alvares (ES).
"Ele tem o apoio do partido", disse Inocêncio. Os líderes do partido disseram, após o encontro, que Stephanes pretende continuar no ministério após a conclusão da reforma da Previdência.
Constrangimento
O almoço registrou um momento de constrangimento. Foi quando o ministro Stephanes resolveu explicar a contratação da sua ex-namorada, Magda Napoli Cahim, para um dos cargos de coordenação do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).
A Folha apurou que, no Planalto, a ascensão da ex-namorada irritou o presidente.
Alguns assessores de FHC tentaram demover Stephanes, mas o ministro teria insistido no ato de promoção.

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