São Paulo, quinta-feira, 16 de maio de 1996
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Governo cede a ruralistas e MG para votar Previdência

DENISE MADUEÑO
GABRIELA WOLTHERS

DENISE MADUEÑO; GABRIELA WOLTHERS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Governistas também vão estudar pedidos da bancada nordestina

O governo cedeu às chantagens da bancada ruralista e da bancada mineira para conseguir colocar em votação a reforma da Previdência na Câmara.
As lideranças governistas prometeram ainda estudar as reivindicações de um terceiro lobby, a bancada nordestina.
Logo pela manhã, antes do início da sessão que colocaria em votação os chamados "destaques" da emenda da Previdência, os líderes governistas receberam um recado seco das três bancadas: ou negociavam os interesses dos deputados ou eles votariam contra o Palácio do Planalto.
Nenhuma das reivindicações referia-se à Previdência. O maior ponto de discórdia era a MP (medida provisória) 1.410, que trata da capitalização do Banco do Brasil.
A bancada ruralista, com 172 integrantes, ameaçava votar contra a Previdência caso o governo não aceitasse retirar da MP quatro artigos que facilitam ao Banco do Brasil cobrar dívidas e tratam da incidência de juros sobre os débitos.
Já os deputados mineiros da bancada governista queriam incluir na mesma MP dois artigos que permitem a transferência de R$ 892 milhões do Tesouro, por intermédio do Banco do Brasil, para a empreiteira Mendes Júnior, que tem sede no Estado.
Para tentar conter as duas rebeliões, foram acionados o ministro Luiz Carlos Santos (Assuntos Políticos), o líder do governo, deputado Benito Gama (PFL-BA), e os vice-líderes Arnaldo Madeira (PSDB-SP) e Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR).
Junto com representantes do Ministério da Fazenda, eles se reuniram com os líderes das bancadas no Palácio do Planalto. Depois de duas horas de reunião, os ruralistas conseguiram retirar os artigos que queriam da MP.
Bancada mineira
A bancada mineira governista, representada pelo deputado Philemon Rodrigues (PTB-MG), também participou da mesma reunião no Palácio do Planalto.
Ela conseguiu incluir na MP o artigo sobre a Mendes Júnior, mas, neste caso, o Ministério da Fazenda avisou que vai recomendar ao presidente Fernando Henrique Cardoso que vete os artigos.
A bancada aceitou mesmo assim. Sua estratégia é, depois de aprovada a MP, pressionar FHC para que não acate o "conselho" dos técnicos do Ministério da Fazenda.
Cerca de 80 deputados da bancada nordestina se reuniram pela manhã e decidiram pressionar o governo para obter um plano de desenvolvimento para a região.

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