São Paulo, quinta-feira, 16 de maio de 1996
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Celas com vista para a rua custam mais

MARCELO GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL

O comércio mais comum na Detenção é o de celas -ou "barracos", como as chamam os presos. As regras que determinam o valor de uma cela são semelhantes às do mercado imobiliário.
Um barraco com vista para a rua é mais valioso do que um com a janela voltada para o pátio interno.
Morar em um "barraco de avenida" também é um privilégio disputado. Essas celas ficam nas esquinas dos corredores. Elas têm mais valor porque o preso pode ver melhor o que está acontecendo no presídio.
Quem determina em que cela cada detento deve ficar são os agentes penitenciários.
Uma mudança de cela pode custar ao preso até R$ 100, mas ele também pode conseguir esse privilégio se fornecer aos funcionários informações sobre um plano de fuga ou sobre um depósito de armas e de drogas dos detentos.
"Geralmente, quem faz esse tipo de troca com o agente é o preso que está 'aperreado' em sua cela", afirmou Paulo Gilberto de Araújo, diretor do sindicato dos agentes penitenciários. O preso "aperreado" é o que está sendo humilhado pelos colegas.
Mudança de pavilhão
Esses presos também podem obter uma vaga em outros pavilhões, como o 2 e o 4, onde o número de presos por cela é menor. Neste caso, a transferência pode custar até R$ 200, ou ser trocada pelo fornecimento de informações.
Os presos também podem conseguir manter correntes de ouro, relógios, tênis e roupas de marcas famosas. Objetos de valor são usados como moedas.
O preso Rodnei Hernandes, um dos 51 que fugiram do pavilhão 7 na semana passada, tinha duas correntes douradas no pescoço. "Ele falou que eram de ouro", disse o tenente-coronel Antônio Carlos Mariano, chefe da tropa que guarda a prisão.

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