São Paulo, quinta-feira, 16 de maio de 1996
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Construtoras demitem 6.000 em abril

CRISTIANE PERINI LUCCHESI
DA REPORTAGEM LOCAL

A indústria de construção civil do Estado de São Paulo fechou 6.000 postos de trabalho em abril, o que significa uma redução de 1,09% no nível de emprego.
No ano, houve corte de 20,4 mil vagas e em 12 meses, de 153 mil postos. Hoje, o total de trabalhadores na construção civil do Estado é de 547 mil, 342 mil empregados formalmente.
Os dados foram divulgados ontem pelo vice-presidente de Economia do Sinduscon (representa as construtoras), Eduardo Zaidan.
Segundo Zaidan, para reduzir a informalidade nas relações trabalhistas e conter um aumento ainda maior no desemprego no setor são necessárias mudanças na lei.
"A rigidez do contrato de trabalho no Brasil estimula a informalidade e o desemprego", afirmou.
Zaidan quer que a proposta do Sinduscon para gerar emprego seja incorporada ao projeto do ministro do Trabalho, Paulo Paiva.
"Vou conversar com o relator do projeto, deputado Mendonça Filho (PFL-PE)", disse.
A proposta do Sinduscon prevê a criação de um banco de horas para flexibilizar a jornada de trabalho, idéia já incorporada ao projeto de Paiva. Prevê também a possibilidade de negociar a redução do 13º salário, por exemplo, em troca da manutenção do emprego.
Recolocação
O Sinduscon pede ainda que seja instituído o "compromisso de recolocação": o trabalhador com possibilidade de recolocação futura não seria demitido, mas haveria suspensão temporária do seu contrato de trabalho por até cinco meses sem perda de benefícios.
O Sinduscon quer também que, se houver rescisão antecipada do contrato por obra ou serviço certo, as construtoras possam pagar como multa as verbas rescisórias normais, o que hoje não é aceito.
Os trabalhadores criticam a proposta do Sinduscon. "Não vamos nem negociar uma coisa dessas, que só corta direitos", disse Antonio Ramalho, do sindicato.
Greve
A greve no setor entrou ontem no terceiro dia com dois terços dos trabalhadores do Estado parados, disse Ramalho. Para Zaidan, "a greve quase não existe pois há medo do desemprego". O Sinduscon oferece 4,44% de reajuste e os sindicatos querem 19%.

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