São Paulo, quinta-feira, 16 de maio de 1996
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Guarneri pratica a sonoridade cerebral

JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL

O Quarteto Guarneri, que faz hoje sua terceira e última apresentação em São Paulo, é uma formação de câmara que se aproxima encantadoramente da idéia de produção de uma sonoridade cerebral.
Os norte-americanos Arnold Steinhardt (primeiro violino), John Dalley (segundo violino), Michael Tree (viola) e David Soyer (violoncelo), estão juntos desde 1964 e deram na terça-feira, ao vivo, uma mostra de tecnicalidade que suas gravações só imperfeitamente conseguem reproduzir.
Eles escapam a toda forma consensual de interpretação. Extraem o máximo de seus instrumentos antigos e raros. São capazes de produzir fraseados que fazem justiça à melodia e acordes de um encorpado em nada emotivo.
Bem mais ainda que isso, o Guarneri -a terceira atração da temporada de 1996 da Sociedade de Cultura Artística- obtém um rara conciliação do delicado com o enérgico, com uma musicalidade baseada na conotação da partitura, imperceptível à leitura literal.
No "Quarteto nº 7 em Ré Maior", K. 499, de Mozart, a destreza fornece a impressão de que um arpejo, um acorde ou um pizicato formam blocos sonoros distintos. Com Stravinsky, as dissonâncias do "Concertino" perdem qualquer aridez, enquanto com "La Oración del Torero", de Joaquin Turina, nivela-se, como igualmente palatável, a experimentação harmônica e os enxertos do espanholismo andaluz.
Mas foi com Sibelius e seu "Quarteto em Ré Menor", op. 56, que os solistas do Guarneri produziram um magismo mais amplo. Os instrumentos, datados dos séculos 17 e 18, davam ao som um registro quase irreal.

Concerto: Quarteto Guarneri
Quando: hoje, às 21h
Programa: Haydn, Janacek e Smetana
Onde: Cultura Artística, tel. 258-3616)
Quanto: de R$ 25,00 a R$ 60,00 (estudantes pagam R$ 5,00 meia hora antes do concerto)

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