São Paulo, quinta-feira, 16 de maio de 1996
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Cildo Meireles terá grande mostra em NY

KATIA CANTON
ESPECIAL PARA A FOLHA, EM NOVA YORK

Dan Cameron é um dos responsáveis pela mudança recente do cenário da arte contemporânea nova-iorquina, o que inclui uma abertura para a arte não centralizada nos cânones europeus e norte-americanos e uma redefinição da prática da curadoria.
Curador do New Museum, de Nova York, Cameron chega a São Paulo no dia 27 de setembro para participar do júri do projeto Antartica Artes com a Folha, ao lado de Paulo Henkenhorf e de Lisa Philips. O projeto pretende mapear as novas tendências e talentos da produção artística brasileira.
Cameron falou à Folha nos escritórios do New Museum de Arte Contemporânea, no centro de Nova York, um dos grandes palcos artísticos de experimentação.
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Folha - Como será a retrospectiva de Cildo Meireles no New Museum, em fevereiro de 1997?
Cameron - Não se pode falar exatamente de retrospectiva no caso de Cildo Meireles, dada a mutação e sofisticação de suas instalações. Exibirei de cinco ou seis grandes instalações e devo utilizar não apenas o espaço do New Museum, mas também o de um outro museu ou galeria, estabelecendo um diálogo com diferentes espaços em relação a diferentes obras
Folha - Por que Meireles?
Cameron - Ele é um grande artista. É relativamente bem conhecido internacionalmente, mas afora mostras em galerias como a Lelong, ou instalações específicas no Moma (Museu de Arte Moderna), ele nunca teve uma grande mostra em um museu nos EUA. Acho importante que, para a compreensão da obra de um artista, ocorra um efeito cumulativo.
Folha - Como você define sua política curatorial?
Cameron - Estou priorizando exposições individuais, que permitam um olhar mais aprofundado e reflexivo sobre a obra de um artista. Estou evitando coletivas ou mostras temáticas. Quando Marcia Tucker iniciou o New Museum, 20 anos atrás, o museu foi um dos primeiros espaços de arte a constituir exposições temáticas, que estavam ligadas à contextualização sóciopolítico e cultural do momento. Isso se traduziu, por exemplo, em mostras enfocando a produção feminina ou em uma mostra intitulada "The Interrupted Life" (A Vida Interrompida), realizada em 1991, abordando a morte na arte. Até os anos 90 esse tipo de mostra era algo inédito, provocativo. Hoje, esse tipo de organização curatorial se tornou algo comum.
Folha - Quem são os artistas que você planeja mostrar em 1996/97?
Cameron - Em novembro, exponho Carolee Schneemann, artista conceitual norte-americana importantíssima por seu trabalho em performance art, sobretudo nos anos 60 e 70. Depois mostrarei artistas que nunca foram vistos nos EUA: Teresita Fernandez, uma cubano-americana; Hale Tenger, de Istambul (Turquia); e Ndeko Solakov, de Sofia (Bulgária).

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