São Paulo, quinta-feira, 16 de maio de 1996
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Tori Amos traz suas doses de veneno

MARISA ADÁN GIL
DA REPORTAGEM LOCAL

Ouvir um disco de Tori Amos é uma experiência única. Não importa se você gosta ou não: aquilo prende a sua atenção e penetra na pele como um veneno lento.
Em seu terceiro álbum, "Boys for Pele", a cantora norte-americana não se distancia muito dos trabalhos anteriores -"Little Earthquakes" (1992) e "Under the Pink" (1994)-, que a tornaram cultuada no mundo todo.
Autora, produtora e tecladista de todas as canções, Amos cria um universo onde sexo (com homens ou mulheres), violência e morte servem de tema para narrativas intrincadas.
Sua voz pode ser sexy, ingênua, etérea, agressiva. Parece perseguir os teclados, que passeiam pelos formatos -blues, pop, rock, clássico-, sem parar em nenhum.
Amos consegue seu melhor resultado em "Hey Jupiter", uma pequena bomba que ameaça explodir a cada agudo.
Em "Putting the Damage On", ela surge comovente, provocando um ex-amante sobre um naipe de metais.
A canção mais pop do disco é "Caught a Little Sneeze". Uma batida lenta serve para suavizar a agressividade natural de Amos.
As mais excêntricas são "Talula", com acompanhamento de cravo e mudanças de ritmo, e "Mr. Zebra", de uma ingenuidade quase infantil.
Não é recomendável ouvir as 18 faixas de "Boys for Pele" de uma vez. Esse veneno é melhor se servido em pequenas doses.

Disco: "Boys for Pele"
Quem: Tori Amos
Lançamento: Continental/Warner
Quanto: R$ 20 (o CD, em média)

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