São Paulo, sexta-feira, 17 de maio de 1996
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Senado aprova R$ 15 bi para o Banespa

LUCAS FIGUEIREDO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Estado de São Paulo já pode cobrar do governo do presidente Fernando Henrique Cardoso a ajuda de R$ 15 bilhões para salvar o Banespa. O Senado aprovou ontem, em votação simbólica, o acordo de socorro financeiro ao banco.
O rombo é de aproximadamente R$ 18 bilhões. Estado e União vão negociar agora um segundo empréstimo para cobrir a diferença de R$ 3 bilhões entre o que foi autorizado pelo Senado e a evolução dessa dívida até hoje.
Pedro Piva (PSDB-SP), relator do acordo e representante informal do governador Mário Covas (PSDB), disse que "haverá ajustes" no banco.
"Eu acho que não haverá demissões, mas, como tudo, invariavelmente essas coisas acontecem, infelizmente", disse o senador.
Cerca de 200 funcionários do banco acompanharam a votação. Depois da sessão, foram até a rampa do Congresso para comemorar com Piva e com os outros senadores paulistas -Eduardo Suplicy (PT) e Romeu Tuma (PSL).
Críticas
Mesmo com votação simbólica (sem registro individual de voto), seis senadores fizeram questão de registrar suas posições contrárias ao acordo. Foram eles: Osmar Dias (sem partido-PR), Roberto Requião (PMDB-PR), Belo Parga (PFL-MA), João Rocha (PFL-TO), Antônio Carlos Valadares (PSB-SE) e José Alves (PFL-SE).
Todas as emendas ao acordo foram rejeitadas. Para conseguir a aprovação, o governo driblou um início de rebelião no PMDB e na bancada nordestina.
Pelo acordo, o Estado receberá os R$ 15 bilhões para injetar no banco divididos assim: R$ 7,5 bilhões em empréstimo do Tesouro e mais R$ 7,5 bilhões na operação de repasse de bens para a União.
O Estado terá 30 anos para pagar, com correção pela variação cambial mais juros de 6% ao ano.
Rebelião
As bancadas do PMDB e do Nordeste ameaçaram adiar a votação, caso o governo não garantisse operações semelhantes a outros Estados. Lideranças do governo conseguiram contornar a situação, acenando com negociações futuras.
"Existe abertura para discutir", afirmou Sérgio Machado (CE), líder do PSDB no Senado, um dos que atuou para manter a votação. "É claro que há negociação", disse Roberto Requião (PMDB-PR).
O repasse de bens para a União despertou polêmica. Esperidião Amin (PPB-SC) apresentou documento, assinado em 71 pelo então ministro da Aeronáutica, Márcio de Souza Mello, que diz que o aeroporto de Congonhas é da União.
O aeroporto faz parte dos bens que o Estado está repassando para a União em troca de R$ 7,5 bilhões.

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